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A REACÇÃO CONTRA O POSITIVISMO E O MOVIMENTO DA RENASCENÇA PORTUGUESA
PREFÁCIO
Umas breves considerações, apenas, destinadas a patentear a importância do tema – a reacção anti-positivista em Portugal – e a maneira escolhida para o tratar.
O positivismo foi uma corrente filosófica nos finais do século XIX, de tal modo dominante que se tornou uma espécie de moda. Penetrou, profundamente, nos estabelecimentos de ensino, no jornalismo, na política, recebendo, em certos planos, uma aberta consagração legal.
Não parece de estranhar que despertasse a resposta crítica de adversários relevantes, que não estavam dispostos a aceitar-lhes passivamente as directrizes.
A reacção anti-positivista, não assumindo a uniformidade ou quase uniformidade da concepção de que se dizia antagonista, não deixou de assumir posição destacada, estando na origem do renascimento especulativo no nosso país nas duas últimas centúrias. Merece, assim, ser estudada seriamente.
Possivelmente, objectar-nos-ão que os ataques anti-positivistas não passam de uma esgrima mental, tão vã como as posições que pretendem fulminar. Uns e outros estão mortos e enterrados, na voragem da história.
Sem discutirmos se a história é uma voragem ou antes passado sempre presente, que jamais podemos pôr de lado, sublinharemos que o positivismo ainda teve no século XX adeptos de destaque. Lembremos, por exemplo, Matos Romão, Vieira de Almeida, Edmundo Curvelo (da Faculdade de Letras de Lisboa), entre outros. E não olvidemos que, nos nossos dias, embora com nomes mais sofisticados, se processa um acentuado renascimento do espírito positivo.
A reacção anti-positivista não representa, assim, uma peça de museu arqueológica a juntar à colecção. E para os que nos disserem que é já ultra-conhecida e que, por isso, ocuparmo-nos dela é ultra-repetitivo, replicaremos que, consoante já notámos, assumiu modalidades várias e até díspares. Por isso:
a) importa, urge até, encará-las globalmente, assim procedendo a um panorama de conjunto, a um balanço global;
b) sem deixar de reconhecer que a atitude anti-positivista do “movimento da filosofia portuguesa” assumiu uma ressonância especial, devendo-se-lhe, nomeadamente, o notável volume Os positivistas, de Álvaro Ribeiro, não é menos certo que a tomada de posição de professores da Faculdade de Teologia da Universidade de Coimbra contra o positivismo é hoje praticamente desconhecida, facto que tomámos igualmente aqui em conta.
Quanto ao “instrumento” que utilizámos para este trabalho – a conferência –, pareceu-nos o mais adequado porque, sem prescindir do indispensável rigor, evita o peso de luxos de erudição, permitindo o livre acesso e um franco debate com o público. Alguns inconvenientes, é certo, oferece, porque, em geral, o conferente tende a ser em extremo volátil, mas julgamos que não são muito graves. Não supomos o trabalho isento de defeitos, mas concluímos com a velha máxima
esse nobis voluisse satis.
A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
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