Nos Estados Unidos, uma pessoa muito versada na relação perniciosa entre a produção de alimentos e a mudança climática é a dinâmica Anna Lappe. Esta investigadora tornou-se reconhecida pelo seu trabalho no campa da sustentabilidade, da política alimentar, da globalização e da mudança social e foi incluída na lista de "Quem é quem" da revista Time.
Segundo a investigadora "Houve um grande incremento na atenção para a alteração climática, mas até agora, a alimentação foi apenas uma parte invisível do problema e da solução." Segundo ela, as razões pelas quais o sistema de produção de alimentos cresceu e a forma como cresceu, cocomo usa o sistema de transportes, fazem com que as emissões de gases com efeito de estufa criadas pela produção de alimentos eja hoje de uns estimados 31% do total das emisssões.
Os dois maiores responsáveis desta elevada taxa são a produção de gado vivo e as quintas agrícolas de grande escala que dependem em grande medida de produtos químicos e de combustíveis fósseis para assegurarem os presentes níveis de produção. Os efeitos desta forma industrial de operação estão a repercutir-se em todo o mundo... Os primeiros alvos são os pequenos e médios agricultores que tentam criar o seu gado ou plantar os seus alimentos de uma forma mais sustentável e que estão a perder a suas quintas por causa dos efeitos do Aquecimento Global (secas, inundações, tempestades, furacões, etc). Atualmente, a produção industrial de alimentos é suficiente em termos de resposta às necessidades mundiais. O problema está em que esta produção não está a ser bem distribuída e existe um sério déficit alimentar, especialmente em África. Não há ainda uma "crise alimentar mundial", o que enfrentamos é uma "crise financeira alimentar mundial", já que é cada vez mais dificil a um número crescente de pessoas obter os alimentos que são essenciais à sua sobrevivência.
Anna Lappe recomenda que todos aqueles que têm a opção de mudar o seu estilo alimentar (ou seja, todos os habitantes do mundo desenvolvido) devem escolher as suas dietas baseando-se em quatro factores:
1. Não comprar produtos provenientes da agricultura industrial, desenvolvida em torno do consumo de elevadas quantidades de combustível fóssil
2. Comer muito menos carne, a carne ocupa um papel dominante nos regimes alimentares ocidentais e a quantidade de carne consumida implica geralmente o consumo de uma quantidade proporcional mas piramidalmente superior de produtos vegetais, de meios de transporte, de combustíveis, rações químicas, pesticidas para forragens, etc, incomparavelmente superior. A adopção de alguns dias por semana como "livres de carne" poderia reflectir-se numa notável redução da "pegada ecológica"
3. Evitar alimentos processados... Ou seja, em vez de optarmos por alimentos tratados em que grãos, fruta é tratada, partida e transformada em derivados como cereais, barras, etc. Consumir as frutas inteiras têm um impacto menor no Ambiente porque os processos industriais de tratamento, processamento e armazenagem se tornam desnecessários. A sua supressão irá reduzir significativamente a Pegada de Carbono até valores muito inferiores aos dos alimentos processados.
4. Evitar consumir produtos exóticos, oriundos de países distantes... Os custos ecológicos desse transporte e armazenamento são enormes, e dispensáveis se preferirmos produtos produzidos localmente ou, idealmente, na nossa vizinhança.
www.etihadairways.com (Kathryn Clark)
4 comentários:
Grato por recordares esta questão fundamental que é reduzir o consumo de carne, implicitamente consagrado na Declaração de Princípios e Objectivos do MIL: se não for por motivos de ética cósmica, o que seria o ideal, que ao menos seja pelo que em nós desde há muito predomina, o egoísmo antropocêntrico... Pode ser que por aí finalmente vejamos que devorar os outros seres vivos é devorar-se a si e fazer com que o mundo nos devore. Grande, apocalíptico e wagneriano Festim!
"Não comprar", luxos burgueses, nem impacto político nem noção económica. Slogans new age, nada mais.
Somos (também) aquilo que comemos. É sempre bom reflectirmos sobre aquilo que somos. Então, se alterarmos alguns (maus) hábitos alimentares passamos a ser o quê?
Luis Santos
Paulo, esta é uma questão sempre prioritária para mim, com os renovados argumentos aqui apresentados...
Ariana...
New Age?... Ai a facilitação da rotulagem...
lc:
Algo melhor... e repare-se que o argumento aqui apresentado nem é ético, nem religioso, mas puramente económico...
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