A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

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sábado, 20 de dezembro de 2008

7. Parágrafos agostinianos de pensamento político em "Ir à Índia sem abandonar Portugal"

Portugal ou Cinco Idades
Página 111

"Internamente, se estabelece Portugal como uma rede de municípios republicanos e democráticos, cada um com sua constituição adequada às características locais, confiando-se a representação ou convivência de todos eles a delegados que se reuniam em Cortes, sem prazo fixo, e aí discutiam dos problemas particulares ou comuns do Reino; a tudo coordenando, havia o Rei, simultaneamente hereditário e eletivo, ainda que por sanção, Rei sem capital fixa, mais fiando de seu passo que de um Paço donde estava vigiava, ouvia, ordenava, dispunha, melhorava e, às vezes, pois que humano, piorava."

Este será talvez o parágrafo mais importante para a construção de uma visão do pensamento agostiniano sobre a melhor forma de gerir e administrar o território. Aqui se vê como o Professor percepcionava uma forma de administração muito descentralizada, em que o papel e as funções do poder central eram reduzidas até ao mínimo. A estrutura do Estado seria assim uma espécie de federação de municípios semi-independentes, com estruturas políticas democraticamente eleitas e com formas de governação absolutamente livres e dependentes apenas daquela que for a vontade dos habitantes desse "município livre". Moldado a partir da liberdade foraleira, cedida pelo monarca aos municípios medievais para favorecer o seu povoamento, estes novos municípios seriam tão livres que teriam inclusivamente o direito de aprovarem as suas próprias constituições. Nada impediria um município de adoptar um modelo anarquista e de outro, com ele fronteiro, escolher tornar-se num "paraíso" neo-liberal, enquanto outro perto dos dois escolhia um modelo idêntico ao comunismo soviético dos anos trinta, desde que tal fosse a vontade da sua população.

Um modelo de descentralização municipalista tão intenso como este poderia provocar uma desagregação do Estado central. Sendo certo que nem por ser profundamente descentralizado, o Estado português medieval deixou de ser capaz de resistir a Castela e de vencer os muçulmanos. A coesão do Estado de então era assegurada pelo Rei e pelas Cortes. O mesmo pode tornar a acontecer nesta "república de municípios livres" que antevemos nas palavras de Agostinho da Silva. Em diversos parágrafos agostinianos encontramos referências a uma aceitação da necessidade da existência de uma figura monárquica como pólo agregador do Estado. Não se trata aqui de um rei meramente hereditário, mas de um rei eletivo, ao melhor modelo visigótico e suévico: "Cortes, sem prazo fixo, e aí discutiam dos problemas particulares ou comuns do Reino; a tudo coordenando, havia o Rei, simultaneamente hereditário e eletivo, ainda que por sanção, Rei sem capital fixa, mais fiando de seu passo que de um Paço donde estava vigiava, ouvia, ordenava, dispunha, melhorava e, às vezes, pois que humano, piorava." Os assuntos que transcendem ao estrito domínio das competências municipais - com a Defesa e os Negócios Estrangeiros - caberiam à esfera de ação das Cortes, onde os representantes eleitos dos Concelhos teriam direito de voto, presididos pelo Rei, eleito pelos mesmos a partir de um leque de herdeiros do título do anterior monarca e escolhido entre estes pelos concelhos em função da capacidade que já tivessem demonstrado para assumir o cargo supremo da federação de municípios livres. De igual forma, o conceito centralista maquiavélico de "Capital", seria abolido, regressando-se ao conceito medieval de capital rotativa, navegando esta de cidade em cidade, sem nenhuma privilegiar nem desfavorecer, mas sem propiciar à eclosão destas anomalias distorcidas que são estas megacapitais rodeadas de subúrbios sobrepovoados e desumanos e tendo a um horizonte de cem quilómetros desertos demográficos.

4 comentários:

Renato Epifânio disse...

3 breves notas:

1. Esse municipalismo extremo fazia todo o sentido numa época em que, como na Idade Média, não havia uma rede de comunicações - quer físicas (estradas, linhas de comboio, etc.), quer tecnológicas (telefone, televisão, internet, etc.).

2. Nessa altura, de facto, cada município estava por conta própria e pouco ou nada podia esperar de qualquer governo central.

3. Hoje, contudo, já não é assim. De todo. Nessa medida, acho que esse municipalismo agostiniano deve também ser “actualizado”.

P.S.: Mais um ponto a desenvolver no nosso “Programa de Governo”…

Rui Martins disse...

bem, eu já sabia que aqui estávamos em discodância... não faz mal, isto é um Movimento, não um Partido onde todos têm que pensar com as mesmas ondas sinusoidais! ;-)

Advogo este modelo por múltiplas razões: desde a proximidade entre eleitos e eleitores, já que todos se podem conhecer; pela defesa da economia local contra a global; pelo foco na Pessoa versos macronúmeros artificiais; pela possibilidade de modelos de autogestão; pela potenciação do repovoamento do Interior; pela supressão da partidocracia, tornando o sistema representativo numa representação de delegados nomeados e conhecidos localmente, etc, etc, etc...

Não sou um "dogmático agostiniano", claro. Por exemplo, acho irrealizáveis as suas ideias "puras" de economia gratuita ou comunal, mas no municipalismo, ou melhor, na descentralização municipalista... Sim, sou mesmo "agostiniano".

Mas o que importa é abrir o debate sobre o sistema político e a sua presente crise de representatividade!

Hum.

Já temos tema para o próximo nº da NA?

Renato Epifânio disse...

Acho muito bem o debate e reconheço que neste assunto és bem mais agostiniano do que eu...

Mesmo que eu concorde contigo nalguns pontos: acho, por exemplo, que a partidocracia devia ficar, tanto quanto possível, à margem do poder local, e que certos poderes deveriam ficar completamente a cargo dos municípios, ou de associação de municípios. Simplesmente, não vou tão longe como tu quanto ao âmbito da delegação de poderes. Acho que tenho uma costela bonapartista...

Quanto ao tema do próximo número, ainda está a ser definido: anda entre o Pascoaes e a Europa...

Rui Martins disse...

"Mesmo que eu concorde contigo nalguns pontos: acho, por exemplo, que a partidocracia devia ficar, tanto quanto possível, à margem do poder local, e que certos poderes "
-> Fim à partidocracia, é o que penso... Para quê espartilhos, corpos dogmáticos, "grandes líderes" e o mais? Regresse-se p.ex. ao espírito medievel dos delegados dos Concelhos às Cortes. Respondiam pelos interesses locais, das populações não por uma camarilha de interesses ou por um qualquer "pensamento único" que não podiam discutir. Só aclamar.

"Quanto ao tema do próximo número, ainda está a ser definido: anda entre o Pascoaes e a Europa..."
-> Dois bons temas, ainda que esteja a torcer pelo segundo...