Ama o Céu cá na Terra e diz que é magno o teu fogo
Não digas a ninguém que o amor é um engenho de criar bichos
Que as mulheres e os homens podem sair a correr das suas camas
Tão aflitos como o silêncio que nos pariu
Fala como se o vento dividisse a força contigo
E lança o pedregulho para embater no satélite mais afastado
Mas nunca deixes de amar como uma mosca que poisa no casaco
Sem o ruído das forquilhas
Sem tropeçar na canção que duas línguas produzem
Esquece que a cidade dança sobre um lume
É sabido que o coração é um botão preso por uma linha
Ou talvez
Um velho armante
A julgar-se capaz de tapar uma ferida com o dedo largo
Não deixes que a fome de atirador prevaleça
nem cuspas nas mãos para aqueçê-las
pois este frio é antigo
marmóreo nos sulcos das veias
sem boletim de vacinas
O amor saberá esperar pela calada
de um bosque
A guerra não deixa corar os sexos
Disse um dia um soldado antes de pisar o excremento
Se um dia me vieres visitar não tragas lenha nem lanche
Evita meter conversa com as aves rapina
E vem direitinha a mim numa velocidade de naufrágio
Saberás que os filhos que programámos também dormem na areia
Pois é de nós ensinar a somar todos os fenómenos com crepúsculos
Se mesmo assim a casa não se levantar ou um deus vier
contar a mesma história
Eis que as pedras se unem para fazer os dias
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