A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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sábado, 4 de outubro de 2008

O futuro na lusofonia

Língua

Mpurukuma, Língua, corpo quase,
o que sou de sobrepostas vozes,
Bayete!


E tu, pássaro da alma, Mpipi adejando
sobre o losango tumultuante de cores,
Templo onde me cerco,
não me abandones, cão inflando para o rio
uma escarninha balada que nos enforca.


Esfumou-se a Torre na praia nocturna,
a preposição que olfactava o nervo
e Ele dorme ainda e expulso.


Quando a palavra surge, inteira, das águas
e os espíritos batem a respiração do batuque,
Ele tacteia os nomes nas abóbadas de sangue
e entra pelo silêncio, dobrando-se
em número.


Leva-o nas tuas asas, ó sombra
que as patas de cinza espargiram no vento,
soluço de Leanor
em saínhos sete de capulanas mil,
Ilha mineral, Mpipi hílare no azul
onde me cego.


Que sinais sobre que mar do exílio ou
som de algas lavando-te o rosto, se inscreveram
em ti, mulher larga no Índico,
língua por dentro dos lábios cavando, obscuro,
um reino por achar?


Língua, Mpurukuma quase.


LUÍS CARLOS PATRAQUIM

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Reflexão

"E se fosse apenas
a dor matemática do chicote
sorria
e olhava-te nos olhos
e cuspia-te na cara
só!

E se fosse apenas
a dor física da inércia das lágrimas
bem, ai talvez fingisse
chorar a mulher amada
e cuspia-te somente à cara!

Mas de que nos adianta agora
discutir a matemática e a física?"

HELDER MUTEIA
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"A arte de viver"

Habito no halo
dos meus versos
onde incansavelmente
rimo palavras sem rima
e seco lágrimas sem pranto

é a arte de viver...

como lacrar a vida e o amor
sem cantar?
como vencer o tédio e o temor
sem bailar?
eis a razão
porque sonho sem sono
porque voo sem asas
porque vivo sem vida

no avesso dos versos escondo
o tesouro da minha contrariedade
o mistério da minha enfermidade
e o feitiço da minha eternidade

ARMANDO ARTUR 
_________
A História deixa feridas. Pensar a História coloca as feridas no centro
da nossa consideração.

Há que recusar as repetições, essa uma regra a aplicar sempre, na vida
individual e colectiva.

O passado é passado, não pode ser resgatado , depurado, refeito.
Também não pode ser encerrado, uma vez que o futuro desponta
sempre da memória. Pensar é rememorar, como o disse Heidegger,
como o vivem muitos homens inspirados pelas tradições filosóficas,
ocidentais e orientais. Mas a memória tem um dinamismo simbólico,
apruma-se a partir de eixos ontológicos alinhados pela intersecção dos
diversos planos de afirmação da existência humana.

Mas o eixo mais firmante da memória é a Língua. Daí vem a força da
lusofonia e do que a partir dela pode despontar afirmativamente perante
o movimento de esfacelamento da memória a que hoje damos o nome
de Globalização.

É através da Língua que as coisas, os afectos, os processos psíquicos,
as relações entre as pessoas, os símbolos apropriados pela imaginação,
individual ou colectiva, aderem a um mundo que, pela disponibilidade
semântica, se torna habitável e vivenciável cultual e culturalmente.

Quanto mais liberta for a relação dos povos e dos falantes com a
Língua, maior força haverá nessa mundificação da disponibilidade.
Por isso, a lusofonia também engloba as novas Línguas que nascem
da primordialidade do dizer da luz, esse acto supremo de dar a ver,
de se dar a ver e de, com isso, deixar que a visão
se consuma, para lá das evidências cientificamente escrutináveis ou
economicamente apropriáveis.

Este é um dos principais paradoxos da civilização ocidental, e é talvez
o que marca mais o seu ocaso. O poder emancipatório das vias racionais,
assumido quase em exclusivo ao nível da cientificidade explicativa
assente em mecanismos de dominação de cariz tecnológico,
interliga-se com as estruturas económicas do capitalismo,
dando origem a um mundo em que a disponibilidade se rege por
princpípios alheios ao viver humano plenamente assumido como
exercício de criatividade.

Neste sentido, a China é hoje um gigantesco laboratório político.
Aí se estão a forjar os dispositivos económico-políticos que darão
continuidade ao processo de Globalização que se complexifica
progressivamente e que, de forma inelutável,se impõe como a única via
de construção do futuro da humanidade. Há que notar que o futuro não se
constrói, mas podem construir-se dispositivos que impeçam
a sua consumação.

A China mostrará ao mundo que a política, encarada como um modo
de ser do homem que visa o bem comum pela participação activa de
todos os homens numa convivialidade assente no pleno
reconhecimento da dignidade da pessoa humana,
não tem qualquer importância. A democracia poderá transformar-se em
mais uma valência do espectacularismo mediático. Circo. O que importará
será manter os indivíduos entretidos e alimentar a máquina de produção
e consumo que substancia a base dos processos económicos.
A supra-estrutura não será constituída pelos processos culturais,
mas um nível mais refinado de jogo económico, a especulação
financeira. Aí se jogará tudo. E entramos, por essa via, numa
espécie de bibliotecade Babel, mas sem a genialidade
dum Jorge Luís Borges a dar-lhe sentido.

Querer substituir os mecanismos de dominação em que assenta
a Globalizaçãopor outros, de sentido diferente, mas de matriz
semelhante, é participar no jogo.
É consumar este processo global dando-lhe um garridismo peculiar.

O que importa é estarmos abertos ao que desponta em qualquer
lugar do mundo,sem etnocentrismo, sem recalcamentos linguísticos
e sem ilusões historicistas.
O campo da História é para ser lavrado e, depois, semeado com
as sementes da palavra poética, da elevação espiritual, da ética
da aceitação e da afirmação da integralidade do ser humano.
“Palavra poética” significa a palavra liberta, o mais possível,
das constrições da facticidade histórica e da impossibilidade
de nos reconhecermos como vivendo na disponibilidade que
torna o mundolugar da plenificação do homem e de todos os seres.

E é isto que deve ser semeado, colhido, recolhido,
disponibilizado no chamado mundo lusófono.

Isso levará a que a luta contra a fome e contra a pobreza,
a educação, a saúde, a cultura e todas as suas vias de
dignificação dos seres humanos, sejam as prioridades cimeiras.
Para a instauração de uma cultura de paz e
de uma economia da esperança.

2 comentários:

Edson Pelé disse...

Não é só não senhor, a dos urarapaboi sabe ler concha e unha do pé.

Edson Pelé disse...

Desculpa, era pra o debaixo.