A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra).
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa).
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sábado, 25 de outubro de 2008
Cinco Princípios
I Alma
Um vento transparente e invisível
leva o corpo do berço para a tumba
enquanto a vida pesa como chumbo
a alma é uma pluma leve e indivisível
centro e margem de um continente
feito de sangue, carne e saudade
não ela mas o corpo é o penitente
das coisas e da última verdade
da primeira também e do caminho
que nada tem a ver com ela
dizem que ela é um hálito divino
mas ao mesmo tempo ela é a vela
que leva o barco até à sua ilha
nas ondas dolorosas e doces do destino
II Saudade
Onda dolorosa e doce do mar salgado
vã palavra ou indizível vibração
cinde e une as lembranças em vão
e do profano parte para o sagrado
como o marinheiro à ilha afortunada
e a criança santa para a cruz
a saudade é a noite cheia de luz
uma estrela moribunda ardendo no nada
que é tudo quando o desejo venha
como um sonho sonhando que nunca tenha
saída sem regresso e entrada sem saída
olhando na paisagem do píncaro da vida
o futuro que uma lágrima desenha
na linha limiar da infinita despedida
III Horizonte
Linha infinita e limiar da mente
última região da realidade
até lá tudo é insuficiente
uma cartografia invertida da verdade
o horizonte é uma lâmina afiada
que finge abismos escuros e paraísos
e quem escuta os seus avisos
naufraga na água e depois no nada
no primeiro traço da última cisão
onde os peixes beijam as aves
e onde o céu engole as naves
no ponto onde a terra não tem chão
colorida da cor crepuscular das nuvens
tudo é possível na sua extensão
IV Liberdade
Tudo seja possível, exige a boca
para devorar inteiro o que existe
e que a fome humana pede de troca
da vida finita, dolorosa e triste
mas a liberdade não vem da falta
e nem da vontade sangrenta
talvez da saudade, que é mais alta
e na sua altura solitária inventa
uma companheira que nunca jura
nada para ninguém, somente a esperança
e uma sentença sem espada nem balança
a liberdade parece uma dança
da razão amarga com a loucura
alguém que perde e alguém procura
V Culpa
O homem que procura é este alguém
é uma sombra do deus ignoto
andando atrás do que nunca vem
carregando nas costas a história e o mito
e nos seus olhos o dom de ver o outro
a chaga purulenta do seu vizinho
e encontra na carne alheia um voto
um cálice dourado cheio de vinho
a culpa é mais profunda do que o pecado
que nem existe na verdade
o pecado é um produto da sociedade
mas a culpa do homem é um eterno fado
casada com a alma num círculo calado
com a saudade, o horizonte e a liberdade.
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3 comentários:
Sonetos magníficos, sobretudo por serem de um alemão, apaixonado por Portugal e pelo Brasil!
Falta só corrigir umas coisinhas.
Saúde!
Lieber Paulo
Ja, leider gibt es wahrscheinlich immer noch ein paar kleine Fehler. Könntest Du mir ein wenig dabei helfen? Vielen Dank für Deinen Kommentar.
Saúde!
Lieber Lusograph,
Ja, gern kann ich dich helfen! Könntest du mir deine Texte senden?
Abraço!
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