Agostinho da Silva perguntava frequentemente à pessoa que o questionava o seguinte: "o que entende por [certa palavra]?", escusando-se a discutir ideias sem haver discutido plenamente o sentido das palavras que as expressam.
Quando se trata de discutir a fundo alguma coisa torna-se necessário explicitar os significados que cada um atribui às palavras que utiliza, mesmo estando eles geralmente identificados. Isto porque sem se chegar a uma definição intermédia das palavras, o que se conversa fica sujeito a ficar aquém do que se pretenderia, pois que as palavras nada são senão o que nós as virmos ser.
Agora percebi porque eu, como muitos outros portugueses, aprecio tanto falar com pessoas que não falam a minha Língua, ao menos assume-se isso de início e a comunicação faz-se com atenção a esse facto, que se mantém quanto aos falantes do idioma português entre si, pois cada ser humano fala a Sua Língua pessoal, cada um usa as palavras de acordo com a sua Alma própria. Ninguém, no fundo, fala a mesma Língua, cada Homem fala uma Língua distinta, pois mesmo usando as mesmas palavras, o sentido que elas têm para si nunca é o mesmo que para outra pessoa.
A música, essa, fala uma língua universal, pois não remete ao pensamento, mas directamente ao sentimento. No Brasil, o povo, caracteristicamente, fala dum modo que supera a compreensão mental, a alma brasileira fala mesmo a cantar (na Bahia então...), praticamente não é necessário pensar no que se ouve, para entender as palavras daquela gente basta usar os sentidos, basta senti-las, pois elas nascem directamente do coração, mantêm-se originais.
As palavras ligam-nos entre nós, mas o que nos liga às palavras somos nós mesmos. São a ponte que nos liga, mas quem percorre a ponte somos nós, quando nos desentendemos a falar, não é a ponte que deixa de lá estar, nós é que a deixámos de cruzar. Quando deixamos de ser as palavras que falamos a ponte desaparece, pois elas só existem em nós, ao serem o próprio corpo da nossa alma - sendo que cada corpo sente isoladamente, e só estabelecendo contacto directo se liga com outro, não bastando haver um terceiro corpo entre eles: a Palavra.
Pelo que, quando deixamos de habitar o corpo de Amor que somos, o mesmo que nos fez e faz nascer do silêncio infinito, resta-nos conversar apoiados sobre um corpo vazio, resta-nos falar sem que entre nós nos liguemos: resta-nos morrer. (E antes fosse depressa...)
A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
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4 comentários:
http://br.youtube.com/watch?v=qeCdCPdflXY
Anita: felizmente as coisas não são tão pavorosas como as descreves. Diria mesmo que foi para demonstrar isso que a Nova Águia surgiu, que o Agostinho falou.
Isso que dizes é o que o mundo moderno nos tenta fazer crer.
Os Sentidos não vêm dos sentidos.
"as coisas não são tão pavorosas como as descreves"
por certo não são, estão. :P
(ah e como é bela esta nossa língua)
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