A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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sexta-feira, 4 de julho de 2008

O Horizonte da Mensagem revisitado

Agora, apesar de não haver nortada e de a água ser mais quente que então, o cheiro a maresia traz o clima das "férias grandes", do tempo parado, do descanso de ter passado de ano. O Portugal a entristecer ainda não era desgraça ou ânsia, era alma, esperança, enigmático pedido de quem criara a perfeição da escrita.
O Mar é o mesmo: já ninguém o tema! Que a clara Razão, desde os recortes precisos dos mapas do Capitão do Fim às fotografias de satélites, afastara os medos para longe. 
Mas eis que de novo os trouxe, mais medonhos: hoje é o que sabemos com clareza que tememos, não o Mar nem o seu mistério. Sabemos que as ondas dissolvem CO2, que o Mar esconde quase todo o produto principal do nosso catabolismo de predadores doentes e permite à Terra continuar viva. 
As férias grandes acabaram. O que vemos no Mar é quanto falta para o seu ponto de saturação, vemos o limiar biológico, o limite da homeostasia da Terra que já nos parece um ser vivo prestes a entrar em choque e a deixar, de repente, de poder voltar atrás, para a vida. 
E é português, O Mar com fim! Fomos nós quem começou este caminho, somos nós quem tem que lhe encontrar um porto.
Hoje nenhum continente olha tão de frente para o perigo como Europa. E o rosto com que fita é Portugal!
Foi aqui que apareceu o trabalho pioneiro e ignorado sobre a energia das marés, é português o salto técnico recente nas células fotovoltaicas ... mas nada disso é ainda a Distância. A Distância a conquistar e de onde chamaremos, de novo, Europa e o Mundo, mete medo. Deixar para trás o conforto desta sociedade de consumo, criar um outro comércio, um novo mundo, é louco, ainda, é escárnio do velho do Restelo, é "insensato" para o senso comum --mas não para o bom senso, que é o sonho.

Horizonte

O mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
'Splendia sobre sobre as naus da iniciação.

Linha severa da longínqua costa ---
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.

O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte ---
Os beijos merecidos da Verdade.

Fernando Pessoa

3 comentários:

Unknown disse...

A imortalidade é a coroa dos loucos.

José Miranda disse...

Não activei a moderação de comentários nem concordo com ela, compreendendo-a, embora.

Unknown disse...

"Os beijos merecidos da Verdade"... de que sentir com o pensamento não é o suposto, de que não sou eu que me falto, de que é a humanidade que deixou de existir realmente, de que sentir é a única realidade, de que pensar é sonhar... de que o mundo não é mais que um sonho vivo, e que tomá-lo de modo sério é deixar-se morrer. De que a Criança que fui continua a ser Rainha em mim.