A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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sexta-feira, 2 de maio de 2008

Vidas Portuguesas: António Telmo (1927)


“Os anos em que vivemos estão marcados por duas manifestações do ser humano aparentemente contraditórias: o titanismo e o infantilismo. Titânicas são as construções em altura das grandes cidades do mundo, os voos de metal cruzando os espaços, a comunicação das palavras e dos números vencendo enormes distâncias, a multidão inumerável dos automóveis, etc., etc.; mas tudo isto assume a forma de brinquedo pelo modo como os telemóveis, a televisão, os computadores, a internet se tornam os mais comuns e gozosos entretenimentos dos homens e das mulheres e sobretudo das crianças. Eis depois o futebol, esse gigantesco movimento lúdico que empolga o mundo e que é a própria manifestação do infantilismo. E há disto um sinal evidente: os calções. Aqui há cinquenta anos, só os rapazes os usavam e a primeira vez que punham calças compridas o sentimento que vivia o adolescente era o de ser recebido como iniciado na sociedade dos homens. Esta combinação do titanismo com o infantilismo envia-nos para a profecia de Daniel interpretando os pés de barro do ídolo do sonho de Nabucodonosor como o frágil suporte de toda a construção histórica da humanidade. O barro é, segundo o Génesis, a original matéria de onde, pelo sopro de Deus, se formou o primeiro homem, o homem na sua infância; o ferro é o metal que simbolicamente caracteriza a última manifestação do ciclo, na velhice da vida”.
António Telmo, Agostinho da Silva e os Titãs

Apontamento Biográfico
António Telmo Carvalho Vitorino nasceu no dia 2 de Maio de 1927, em Almeida. Faz hoje 81 anos.
Entre os dois e os seis anos, viveu em Angola com a família. Quando esta regressa a Portugal, fixou-se em Alter-do-Chão e, mais tarde, em Arruda-dos-Vinhos. António Telmo viverá por lá até aos seus dezasseis. Antes de ir estudar para a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, ainda morará em Sesimbra. Na sua infância e juventude, foi um auto-didacta. Estudava em casa e fazia os exames em Lisboa.
Aos vinte e três anos, entra para o grupo da Filosofia Portuguesa, depois de ter conhecido José Marinho (1904-1975) e Álvaro Ribeiro (1905-1981).
A convite de Agostinho da Silva (1906-1994) e de Eudoro de Sousa (1911-1987), foi professor de Literatura Portuguesa, durante três anos, na recém-formada Universidade de Brasília. De lá foi para Granada e, só depois, é que voltou a Portugal. Foi director da Biblioteca de Sesimbra e posteriormente radicou-se em Estremoz como professor de Português.
Tem-se dedicado, desde sempre, ao estudo da História Secreta, Simbólica e Sagrada de Portugal.

Apontamento Crítico
Visto por muitos como mestre ou guru, como o maior representante vivo do grupo da Filosofia Portuguesa, António Telmo Carvalho Vitorino é, acima de tudo, um filólogo e um hermeneuta há muito enredado na teia e na trama do esoterismo e do hermetismo, no fundo, na senda daquilo que está oculto e que pode ser revelado e desvendado. Tem-no feito, sobretudo, através do estudo da kabbalah, do sufismo e da filosofia.
Discípulo de Álvaro Ribeiro e membro do grupo da Filosofia Portuguesa, António Telmo tem da arte de filosofar uma perspectiva muito peculiar e aproximada daquilo que os seus mestres pensavam: a reflexão filosófica é tão mais verdadeira se for exercida informal e livremente e se não estiver presa aos grilhões da Academia. Por esse motivo, crê que aprendeu muito mais nos cafés e nas tertúlias do que nas salas de aula da Universidade que frequentou! Na linha daquilo que expunham Teixeira de Pascoaes (1877-1952), José Marinho, Álvaro Ribeiro, Afonso Botelho (1919-1996) ou António Quadros (1923-1993), Telmo defende, igualmente, a especificidade do pensamento português, remetendo-o, nesse sentido, para uma razão situada e uma razão poética que estão em permanente contacto com categorias que, à partida, não pertencem somente à ordem estrita da racionalidade, a saber, a sensibilidade e o misticismo.
O autor de História Secreta de Portugal vislumbra, à maneira dos seus mestres, a formação de um escol que tenha possibilidades de oferecer ao país um novo olhar e uma nova atenção para as suas raízes e para as suas convicções mais verdadeiras e que, por outro lado, o afaste dos falsos caminhos que trilhou ao vender-se à Europa, ao render-se à Matéria em detrimento do Espírito. A propriedade do pensar português assenta, desde modo, na espiritualidade e no acesso ao Quinto Império (que nada mais é do que o Reino do Espírito e o desembarque na Ilha dos Amores). Nesta questão, António Telmo está em consonância com a proposta de Agostinho da Silva.
Num dos seus primeiros livros – Arte Poética -, António Telmo apela para a necessidade de se animar a filosofia e de se reintegrar a poesia no pensamento. Ou seja, permitir que a filosofia se expanda dentro do seu próprio seio, que galgue as barreiras do formalismo e se entregue à poesia e, por outro lado, que esta última não tenha receio de se juntar ao pensamento, à razão ordenadora. Parece-nos que tal só será possível se for dada à palavra o estatuto que lhe é devido. Na obra de Telmo, a palavra, a linguagem ou a gramática, tal como no pensamento de Álvaro Ribeiro, são instrumentos sagrados, são formas iniciáticas. É por elas que se acede ao mistério e ao absoluto. Nesta perspectiva, tanto a filosofia como a poesia são artes da palavra. No entanto, a razão poética ou a razão criadora pode oferecer ao pensamento, se este for encarado num sentido mais estrito, a deambulação por regiões mais profundas, da ordem do onírico e do simbólico, que, a priori, a actividade meramente intelectiva não tem acesso. E, mais uma vez, permanecendo fiel a Álvaro Ribeiro e à escola da Filosofia Portuguesa, Telmo acredita que o pendor filosófico do pensamento português se estrutura basilarmente por meio da poesia.
De espírito clássico, António Telmo tem reflectido, durante toda a sua vida, acerca dos ensinamentos que os filósofos antigos nos legaram. É neles, aliás, que se deposita a sua obra e o seu pensamento. Se nos relembrarmos de Filosofia e Kabbalah (um dos livros maiores de toda a obra de Telmo) ou do mais recente Congeminações de um neo-pitagórico, constatamos que a verdadeira referência do autor é aristotélica, platónica e até pré-socrática, como, no fundo, não poderia deixar de ser, quando se trata de um homem que anda em busca da real sophia.

Bibliografia Indicativa
Arte Poética (1963)
História Secreta de Portugal (1977)
Desembarque dos Maniqueus na Ilha de Camões (1982)
Gramática Secreta da Língua Portuguesa (1984)
Filosofia e Kabbalah (1989)
O Bateleur (1992)
O Horóscopo de Portugal (1997)
O Mistério de Portugal na História e n’Os Lusíadas (2004)
Congeminações de um neo-pitagórico (2006)
A hora de anjos haver (2007)

1 comentário:

Klatuu o embuçado disse...

«E há disto um sinal evidente: os calções. Aqui há cinquenta anos, só os rapazes os usavam e a primeira vez que punham calças compridas o sentimento que vivia o adolescente era o de ser recebido como iniciado na sociedade dos homens.»

Impagável!

Uma longa vida, Senhor António Telmo, abençoada por todas as gramáticas do mundo.