"O velho monge tinha-o bem aconselhado, com efeito, a meditar "como o oceano" e não como o mar. [...] Inspiro, expiro... depois: sou inspirado, sou expirado. Deixo-me levar pelo sopro, como nos deixamos levar pelas vagas... [...] A gota de água mantinha a sua identidade e no entanto sabia "ser una" com o oceano. É assim que o jovem aprendeu que meditar é respirar profundamente, deixar ser o fluxo e refluxo do sopro.
Aprendeu igualmente que, se havia vagas à superfície, o fundo do oceano permanecia tranquilo. Os pensamentos vão e vêm, espumam-nos, mas o fundo do ser permanece imóvel. Meditar a partir das vagas que somos para perder pé e ganhar raiz no fundo do oceano. Tudo isto tornava-se cada dia um pouco mais vivo nele e recordava as palavras de um poeta que o tinham marcado no tempo da sua adolescência: "A Existência é um mar sem cessar cheio de vagas. Deste mar as pessoas comuns não percepcionam senão as vagas. Vê como das profundezas do mar inumeráveis vagas aparecem à superfície, enquanto o mar permanece escondido nas vagas". Hoje o mar parecia-lhe menos "escondido nas vagas", a unicidade de todas as coisas parecia-lhe mais evidente e isso não abolia o múltiplo. Tinha menos necessidade de opôr o fundo e a forma, o visível e o invisível. Tudo isso constituía o oceano único da vida.
No fundo do seu sopro não havia a Ruah [o Espírito divino]? O pneuma ? O grande sopro de Deus ?
"Aquele que escuta atentamente a sua respiração, disse-lhe então o velho monge Serafim, não está longe de Deus.
Escuta quem está lá no final da tua expiração. Quem está lá no final da tua inspiração". Havia aí com efeito alguns segundos de silêncio mais profundos que o fluxo e o refluxo das vagas, havia aí alguma coisa que parecia suportar o oceano..." - Jean-Yves Leloup, Écrits sur l'Hésychasme. Une tradition contemplative oubliée, Paris, Albin Michel, 2003, pp.17-18.
O autor falará sobre este tema na próxima 3ª feira, dia 22, pelas 18 h, no Anfiteatro IV da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
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