A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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terça-feira, 11 de março de 2008

Vidas Portuguesas: Raul Brandão (1867-1930)


“Silêncio. Ouço sempre o trabalho persistente do caruncho que rói há séculos na madeira e nas almas”.
Raul Brandão, Húmus

Apontamento Biográfico
Raul Germano Brandão nasceu no dia 12 de Março de 1867 no Porto – na Foz do Douro. Integra, na sua juventude, o Grupo dos Nefelibatas (do qual faziam parte, por exemplo, António Nobre (1867-1900), Alberto de Oliveira (1873-1940), Júlio Brandão (1869-1947, Camilo Pessanha (1867-1926) e Eugénio de Castro (1869-1944)). Termina os estudos liceais já com 24 anos e, apesar de, como ouvinte, ter frequentado o Curso Superior de Letras por algum tempo, decide matricular-se depois na Escola do Exército. Acabará por ingressar no Ministério da Guerra e, no ano de 1896, será colocado em Guimarães, no Regimento de Infantaria 20. Nesta cidade, acabará por casar-se e estabelecer-se na pequena freguesia de Nespereira.
Em simultâneo com a sua carreira no Exército, Raul Brandão dedica-se, igualmente, ao jornalismo e à literatura, no entanto, só em 1912, altura em que se reforma do seu posto de Capitão, é que se dedica mais profundamente à sua obra literária. Colaborou na Revista de Portugal, no Correio da Manhã, na Revista de Hoje (da qual foi co-director entre 1894 e 1896) e n’ A Arte. Foi ainda chefe de redacção dos jornais O Dia e A República. Integrou, em 1921, o grupo fundador da Seara Nova.
Oriundo de uma família de pescadores, desde cedo se interessa por todas as temáticas que estão relacionadas ao mar. Aliás, grande parte da sua produção escrita versa precisamente a faina e as angústias dos homens que labutam na lida marítima.
Morre no dia 5 de Dezembro de 1930, em Lisboa.

Apontamento Crítico
Raul Brandão é autor de uma obra assaz diversificada. Durante a sua vida, para além de se ter dedicado ao jornalismo e ao Ministério da Guerra, empenhou-se ainda em publicar contos, livros de viagem, peças de teatro e estudos de natureza histórica e filosófica. Poder-se-á dizer que foi influenciado, sobretudo nos seus primeiros escritos, por aquilo que pensava e divulgava o Grupo dos Nefelibatas (muito imbuído do espírito que o movimento do simbolismo decadente espalhou, em França, no fim do século XIX), do qual fez parte, na cidade do Porto. Passada esta fase, Raul Brandão imprimirá à sua escrita um carácter eminentemente ético e social, ou seja, passará a questionar e a importar-se com as dores e os males que assolam a sociedade (desmesuradamente desigual). Em simultâneo, apontará a crise da religião e a dessacralização da vida como factores cruciais para os problemas éticos que corroem o viver dos homens, especialmente o dos mais pobres e humildes. Nesta perspectiva, Brandão apela para um novo sentido da religiosidade, propõe um relançar de olhos para o franciscanismo e denuncia os erros da Igreja Católica para que ela se reestruture e dê conta dos seus pecados. A bem da verdade, parece-nos que a proposta brandonina assenta numa indissociabilidade entre a questão religiosa e a questão económico-social. Chega-se até a antever uma certa tendência para compreender o sofrimento ou o sacrifício dos homens que mais padecem como espécie de remissão dos vícios de toda a humanidade.
A compaixão que manifestava para com as dores que os indivíduos mais necessitados sentiam, levaram-no, em grande medida, a abraçar o anarquismo ainda antes de se instaurar a República em Portugal. Posteriormente, o descontentamento político-social com os maus resultados que a 1.ª República impusera à vida dos portugueses em geral, conduziram-no, não só a continuar a admirar a luta anarquista, como também a filiar-se a um grupo de ideais que vão desembocar, por exemplo, na edificação da Seara Nova, no início da década de 1920. Tal ideologia estava intimamente relacionada à defesa do humanismo, do progresso moral e científico, do esclarecimento político e religioso e da abertura e da discussão intelectual em lato senso.
Apesar de se preocupar com a vertente social do sujeito humano, do eu exterior (sobretudo o que essa exterioridade pode implicar para a sua integridade espiritual – por vezes, não passa de uma aparência e farsa fatais , assim como o demonstra no Húmus), Raul Brandão não descura, todavia, o outro lado que compõe o indivíduo, um eu mais interior e profundo, mais ligado ao sonho e à fantasia. Poder-se-á até dizer que a obra do nosso autor reflecte a luta constante entre esse eu externo e social e o outro eu interno e profundo, entre a realidade e o sonho, entre a miséria quotidiana e a abundância onírica e espiritual.

Bibliografia Indicativa
Impressões e Paisagens (1890)
História de um Palhaço - (A Vida e o Diário de K. Maurício) (1896)
O Padre (1901)
A Farsa (1903)
Os Pobres (1906)
El-Rei Junot (1912)
A Conspiração de 1817 (1914)
Húmus (1917)
Memórias, vol. I (1919)
Teatro (1923)
Os Pescadores (1923)
Memórias, vol. II (1925)
As Ilhas Desconhecidas (1926)
A Morte do Palhaço e o Mistério das Árvores (1926)
Jesus Cristo em Lisboa, em colaboração com Teixeira de Pascoaes (1927)
O Avejão (1929)
Portugal Pequenino, em colaboração com Maria Angelina Brandão (1930)
O Pobre de Pedir (1931)
Vale de Josafat, vol. III das Memórias (1933)

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