Caríssimos amigos,
Se existe uma commonwealth, que nunca necessitou de qualquer acordo ortográfico, por que carga de água há-de a lusofonia ser mais papista do que o papa?
Sem acordo ortográfico, o inglês é para o ocidente o que o latim jamais conseguiu ser e é para o mundo aquilo que muitas boas vontades e ilusões pretenderam para o esperanto e foi só esperança vã.
Não é pela inexistência de acordo ortográfico que americanos e ingleses se desentendem, sendo que dizermos o contrário não seria desmentido.
Se quisermos falar do castelhano, língua a que muitos, principalmente sendo madrilenos ou portugueses, chamam espanhol, saberemos que são mais de uma dúzia as suas variantes. De tal forma que no próprio território de nuestros hermanos vigoram duas formas ortográficas distintas e oficialíssimas: castelhano tradicional e castelhano moderno. E é bom que se saiba que a Espanha exerce uma influência cultural e política sobre as suas ex-colónias que não se compara com a nossa, sobretudo porque não deixou que se desenvolvessem complexos de colonizador/colonizado. São cordiais e exemplares as relações no seio dos falantes do castelhano; se tentassem um acordo ortográfico, talvez resultassem daí suspeitas.
Do meu ponto de vista, a melhor forma de contribuirmos para a unidade – unidade de características paritárias – é não termos qualquer acordo ortográfico. Tê-lo só pode significar submeterem-se uns aos ditames dos que mais podem ou submeterem-se todos a um qualquer capricho iluminista.
Que cada espaço, que cada fronteira política escolha a norma ortográfica que mais lhe convenha de acordo com o seu sentir, de acordo com as suas necessidades. Sempre entendemos os brasileiros e sempre as editoras do Brasil colocaram aqui os seus livros com um impacte que é escusado enaltecer. Pensar que submetermo-nos por inversão do complexo de colonizador/colonizado nos trará benefícios é como confiar nos horóscopos que vêm nos jornais. Não vamos obter quaisquer benefícios nem culturais nem mercantis. Os autores portugueses que mais êxito têm tido no Brasil são Saramago e Miguel Sousa Tavares, que exigem precisamente que as suas obras sejam ali impressas em português padrão.
É que as coisas podem tornar-se naquilo que desejamos, quando sabemos desejar, mas são quase sempre o contrário do que se prevê. Unidade, unidade pode ver-se na mão o símbolo. É por serem desiguais os dedos que a mão se torna funcional. É por ter órgãos diferenciados que o nosso corpo é o que é e não uma alforreca.
Para resumir: estou nos antípodas do que pensa e pretende para sua póstuma e vã glória o Dr. Malaca Casteleiro e em convergência quase absoluta com o Dr. Vasco Graça Moura que aqui saúdo, agradecendo-lhe a coragem com que luta nesta guerra desigual que nós sabemos que já perdemos, embora muito mais vá perder, não só a nossa língua portuguesa, mas também as outras línguas portuguesas, exceptuando-se, claro, a variante brasileira, mercantilmente mais poderosa. Vencerá imperialmente sobre os destroços.
De hoje a oito dias sai a propósito uma crónica minha no Jornal do Barreiro. Os interessados poderão consultar na NET,
Para terminar: não pretendo respeitar qualquer acordo ortográfico, seja este seja o que vier. Estou a pensar, inclusive, para incomodar, inventar uma norma muito minha em que acabo com os cês e os quês e encho a prosa de kapas.
Em política, o que parece é, mas em tudo mais não é assim, é ao contrário.
Pax Profundis!
Abdul Cadre
Como não vou subscrever esta petição, se eu tive a honra de participar nas reuniões de Lisboa (1990) como indivíduo da Delegação de Observadores da Galiza junto com o Dr. José Luís Fontela? Na Galiza somos muitos (dentre os interessados na situação do idioma português galego) os que esperamos que, por fim, Portugal acorde (sic). Na realidade muito mais importante do que o acordo em pontos de particulares grafias é que se instaure, entre os notáveis sobretudo portugueses, o DISCURSO DA UNIDADE DA LÍNGUA PORTUGUESA. Variações há na escrita de todas as línguas "extensas e úteis", a começar pela inglesa e continuar pela castelhana, mas nem na Anglofonia nem na Hispanofonia é questionada a unidade da língua; antes, afirma-se a unidade justamente no facto de as variações não impedirem essa unidade, inclusivamente afirma-se a unidade mesmo nas variações, por estas serem menores, sem importância. SUBSCREVO, portanto.
Atenciosamente: António Gil Hernández
P.S.: E ainda há quem diga que neste blogue não há lugar para a discordância...
A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra).
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa).
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286.
Donde vimos, para onde vamos...
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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".
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Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".
Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)
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3 comentários:
Muito apreciei os dizeres de António Gil Hernández. Sou um defensor da unidade -- não da uniformização -- do galego-português e foi colaborador da revista NÓS, altura em que tive contactos com o Dr. José Luís Fontela. Gostaria de reatá-los.
Um grande abraço
Abdul Cadre
Caro Abdul
Respeito os seus argumentos.
Como eu próprio já escrevi, aceito que se possa almejar a União Lusófona sem defender o Acordo Ortográfico.
O meu argumento é que, com o Acordo Orográfico, a União Lusófona será mais facilmente concretizável...
Abraço MIL
Bem Hajam Todas as pessoas que iniciaram este grande Movimento Lusófono !Bem hajam todos(as) os(as)que participam e divulgam o MIL! Bem hajam , aqui dum modo específico , Abdul Cadre e António Hernandez por aquilo que escrevem pelo Bem da Língua Amada Portuguesa e da União Lusófona .
Um Grande Abraço ,
Rogério Maciel
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