A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Vidas Portuguesas: Afonso Botelho (1919-1996)

“Deus deu-nos o Amor, que é matriz de todo o amor humano, sobretudo do amor homem-mulher, chave das formas de vida que cria”.
Afonso Botelho, Teoria do Amor e da Morte

Apontamento Biográfico
Afonso José Matoso de Sousa Botelho nasceu, em Coimbra, no dia 4 de Fevereiro de 1919.Se fosse vivo faria hoje, portanto, 89 anos.
Cursou Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. A sua dissertação de licenciatura, em 1951, intitulou-se Elementos para o Estudo da Renúncia Cristã. Foi aluno de Delfim Santos e de Matos Romão (com este último teve uma relação um pouco conturbada).
Participou, em 1950, no Congresso Luso-Espanhol para o Progresso das Ciências, ocorrido em Lisboa.
Fundou a revista Cidade Nova e foi director do Jornal O Benfica (1963) e da revista Benfica Ilustrado (1964).
Dividiu a sua intervenção literária pelo ensaio filosófico, pelo cinema, pela ficção, pelo teatro e pela crítica de artes plásticas. Foi um dos fundadores do Centro Nacional de Cultura, presidindo-o, aliás, por vários anos.
Foi monárquico durante toda a sua vida.
Morreu no dia 20 de Setembro de 1996.

Apontamento Crítico
A obra filosófica de Afonso Botelho centra-se essencialmente no estudo do Ser, da Saudade, do Amor e da Morte e, neste aspecto, é profundamente influenciada pelos pensamentos de Teixeira de Pascoaes (1877-1952) e de Leonardo Coimbra (1883-1936).
A ontologia de Afonso Botelho é, pois, uma ontologia que versa o movimento do Ser desde que ele se revela naquilo que é sensível, imanente e real até que se dirige à transcendência e à sua origem mais principial e fundante. No pensar de Afonso Botelho, o Ser é o Amor. O Amor que origina tudo quanto existe e, especificamente, o Amor humano, o Amor homem-mulher - paradigma do excesso do Amor divino. Afinal de contas, enquanto não se compreender a singularidade do Amor homem-mulher, nada se saberá acerca da universalidade do Amor divino. Por esse motivo é que Botelho, à semelhança do seu mestre Leonardo, propõe a edificação de uma Teoria do Amor. O estudo do Ser é, pois, um estudo sobre o Amor – o caminho da ontologia caracterizar-se-á enquanto movimento regressivo, ou seja, enquanto movimento que busca a sua génese. Lançando mão de uma metodologia híbrida, esse processo usará, simultaneamente, a sensibilidade e o conhecimento como instrumentos dos saberes que melhor poderão auscultar o caminho do Ser: a poesia, a filosofia, a religião e a mitologia.
Se na expressão da ontologia clássica, ser enquanto ser, se faz referência àquilo que no Ser está em identidade consigo mesmo, na expressão ser encanto ser, proposta por Afonso Botelho, parece que o conhecimento acerca do Ser se dá por via do estado encantado em que o mesmo, na sua essência, se revela. Afinal, na ontologia afonsina, o encanto é tão-só a “energia metafísica da intimidade do ser”. O conceito de encanto é associado, desta forma, ao de canto. A bem da verdade, o canto constitui-se ele próprio como energia metafísica, neste sentido, é muito mais do que um simples acto físico espácio-temporal. Não obstante ser uma intervenção da ordem experiencial e existencial, visa transcender-se e emergir enquanto mistério. Ora, é esta questão que verdadeiramente interessa na perspectiva ontológica de Afonso Botelho: o sentido da origem, onde reside, afinal, o mistério do Ser, antevê-se duplamente através da imanência e da transcendência. Partindo-se do imanente busca-se o alcance do transcendente. Ao fim e ao cabo, Afonso Botelho atribui uma enorme importância ao real, à experiência e à vida quotidiana para a construção do seu idealismo (simultaneamente, realismo).
Se através do encanto se pode aceder à energia mais íntima e essencial do Ser, através do Amor poder-se-á alcançar a sua unidade. A proposta de Botelho no que respeita à edificação de uma Teoria do Amor, em certa medida inspirada na filosofia de Leonardo Coimbra, visa libertar o Amor Humano, o Amor homem-mulher da coisificação e do esquecimento a que tem sido votado durante séculos, sobretudo pela Igreja Católica e valorizar, em si mesmo, o próprio Amor. Por fim, para Botelho, enquanto princípio, o Amor é insubstancialmente simples e não faz sentido algum que a sua universalidade seja deteriorada pela singularidade ou realidade de uma vivência humana e corporal. Na óptica de Afonso Botelho, a Teoria do Amor terá, então, a função de restabelecer o verdadeiro sentido do Amor para os seres, em geral, e, para os homens, em particular. Afinal, se o Amor existisse na sua simplicidade divina, ou seja, se aqueles que se amam simplesmente, sem terem outra consciência para além de se amarem, vivessem plenamente e não fossem contrariados no seu movimento amoroso, a Teoria não seria necessária.
Só a individualidade do Amor humano poderá apontar para a totalidade do Amor divino. Mais uma vez, aquilo que é tão comum no pensar afonsino, a imanência é a abertura da e para a transcendência, o real é a chave do ideal.

Bibliografia Indicativa
Ensaios
Estética e Enigmática dos Painéis (1957)
Origem e Actualidade do Civismo (1979)
Ensaios de Estética Portuguesa. Ecce Homo / Painéis / Tomar (1989)
Da Saudade ao Saudosismo (1990)
Três Mestres do Conhecimento (1993)
Teoria do Amor e da Morte (1996)
Saudade, Regresso à Origem (1997)
Ficção
Como o Sr. Jacob enganou o socialismo (1978)
O Toiro Celeste passou (1965)
Meia Hora de Espera (1959)
A Intriga (1958)
As Donas chamam. Memórias de um Fidalgo Adolescente (2005)
Teatro
O Hábito de Morrer (1964)
Cinema
A Ilha que nasce do mar (1956)
Açores e a alma do seu povo (1956)
Campanha nacional de acidentes no trabalho (1961)
A ribeira da saudade (1961)
O parque das ilusões (1963)
Pão, Amor e... Totobola! (1963)
Fomento gimnodesportivo (1966)
Cruzeiro do Sul (1966)
Garrafas (1967)
Topázio (1967)
Keramus (1968)
Monumentos do distrito de Braga (1969)
O escritor e o cinema (1969)
Três caminhos / Braga (1969)

3 comentários:

Klatuu o embuçado disse...

Um grande Senhor!
Nunca será de mais recordá-lo.

Como toda alma nobre, era comedido de gestos, simples, de palavra - exactamente o oposto da cambada de áulicos que dão um peido literário e, de imediato, saltam para todos os palcos, num misto de puta e corista!

«A Fama é para as actrizes e para os produtos farmacêuticos.»
Fernando Pessoa

«Os poetas são as antenas da raça.»
Ezra Pound

Viva Portugal!

isabel mendes ferreira disse...

um grande e saudoso e fraterno amigo meu...
:)


que bom "re.encontrá-lo aqui."


obrigada!!!

isabel mendes ferreira disse...

e subscrevo o comentário de K.



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culto simples generoso.