A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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domingo, 3 de fevereiro de 2008

Para aguçar o apetite pelo primeiro número da NOVA ÁGUIA...

Na civilização ocidental tem prevalecido a ideia de Pátria enquanto terra herdada dos antepassados, ou pais. As nomenclaturas germânica (Vaterland) e inglesa (Father land, Mother land) acentuam a tónica na imagem da terra, do torrão natal, em todo o caso, se idêntico formalismo ocorre no hebraico Eretz, entendemos que os nomes recebidos da Grécia (Patrís) e da Latinidade clássica (Patria) envolvem outra ordem axiológica para além dos palmos de terra. País, outro modo de dizer eido, segundo o costume galego, ou ero, segundo o português antigo designando o torrão demarcado, ou com raias, não satisfaz em plenitude a ideia de Pátria.

O ideal torna-se real, ou ascende de mero signo a causa quando Pátria, Nação e Estado são simultâneos e coexistentes, formulando um único corpo: uma Pátria representada em uma Nação e, esta, organizada em um Estado. Nem sempre esta união triádica é apenas ideal, sendo real, mas a todas e a cada uma das Pátrias inere o direito de ascender da carência de lugar (utopia) para uma plenitude tópica, de modo a que a Nação tenha um lar, se reúna em ecclesia (assembleia) da Pátria. Sucede, porém, que, mesmo na Europa, há Pátrias imersas em Estado impróprio. Uma genuína onticidade pede que a cada Pátria equivalha uma Nação em um Estado que garanta a herança pátria.

A simples utilização das palavras leva o pensamento pensante a uma cultura situada. A Pátria é livre quando exerce a autonomia, a propriedade de um pensamento projectivo, e deixa de ser livre se não assumir o seu próprio na diferença, pelo que se anula como Pátria, que se revela ou manifesta na singularidade da liberdade de filosofar, sem a qual a Pátria se entrega a mortal cativeiro. Sem a assunção da Pátria, a Nação tende a desagregar-se e a perder a memória de que Justiça e direito são base do trono pátrio.

Não há apátridas, tal como não há criatura sem pai e sem mãe. Sejam quem forem os pais, e sobretudo o pai, declarado ou incógnito, legal ou natural, todos e cada um de nós temos um pai que simula, incarnada e individuada, a imagem pátria, pelo que, nas culturas de mais nítida radicação religiosa se esculpe a ideia de Pátria na imagem sensitiva «herança dos pais presente nos filhos na terra dos vivos» (Sl., 141, 6). Cada um de nós está sujeito a perder, por gravosa sanção, a cidadania, mas a perda da cidadania difere essencialmente da perda da Pátria (…).
A afirmação de quem eventualmente se considere apátrida carece de consistência; e mesmo os que reclamam não ser, nem gregos, nem troianos, logo emendam a omissão da Pátria, afirmando-se «de todo o mundo».

Em corolário: um povo pode não ter Estado próprio, sendo estante em qualquer outro, mas não perde o oriente da Pátria, carisma ou dom gratuito que, todavia, pode não ser, por cada um, sublimado em esclarecida consciência.

Mátria é o regaço maternal da Pátria, que, por isso, se institui em sacra trilogia: a Pátria, a Mátria, a Frátria, ou seja, a paternidade, a maternidade e a fraternidade, cuja harmoniosa comunhão só pode ser um bem. Em princípio, mais do que uma conquista ou aquisição, é um dom gratuito. Cada um que nasce recebe o dom da Pátria, como um direito natural que lhe não pode ser cassado ou revogado, mesmo quando o seu nome não constar dos registos burocráticos.

…o ideal republicano, ao abandonar a trilogia Deus/Pátria/Rei, guardou o último sinal dela – o nome Pátria. Apartado o nome de Deus, e sumido o nome Rei, o republicanismo valorou o termo intermédio, Pátria. A leitura da sinalética republicana, desde os meados do século XIX até ao já bem entrado século XX, não se limita ao exercício poético de Guerra Junqueiro (Pátria, 1896). Enquanto monárquicos e republicanos se distanciavam quanto à proclamação de Deus e do Rei, convergiam na proclamação da Pátria…

Pode o Estado acabar um dia, ou não ter voz no Teatro da Europa, mas a Pátria prevalecerá, ficando aqui bem o versículo de Francisco da Cunha Leão, extraído de um dos seus poemas: «Somos a Pátria da surpresa/ Afeita a construir o futuro».

A Portugalidade é a alma da Pátria Portuguesa – Termo relativo à antropologia cultural, à sociologia política e à filosofia da história, tradição doutrinal que interpreta o real português como entidade própria em diferença de outras, no contexto das culturas e das nações.

Deve-se ao Romantismo, e sobremodo a Garrett, o gosto pelo olhar a Pátria em si mesma, nos seus arcanos, modos e valores, sem o intuito polémico dos apologistas anteriores. A herança garretiana foi assumida pelo neo-garretinismo, numa visão romântica, aprofundada para além dos factores políticos e sociais nas ordens cultural, filosófica e mítica. Expressão maior deste novo entendimento veio no magistério da ‘Renascença Portuguesa’, e na cartilha que melhor revela o «espírito lusitano», a Arte de ser Português, (1915) de Teixeira de Pascoaes, contendo os filosofemas, os mitos e os paradigmas de uma portugalidade mais potencial do que actual.

Nem todos olhamos a ideia de igual modo. Ela tem sido vergada pelo cepticismo, pelo optimismo e pelo pessimismo, (v.g. Amorim de Carvalho, O Fim Histórico de Portugal, 1977). Quando se temia o fantasma da dissolução na Europa, eis que nova geração renova a hermenêutica da ideia, abrindo novas visões, umas esoterizantes, outras sacralizantes. São disto testemunhos escritos devidos a António Telmo, Joaquim Domingues, Paulo Borges, Paulo Loução, e Miguel Real, entre outros.

Excertos de "Anamnese da Ideia de Pátria", de Pinharanda Gomes

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei da questão do financiamento dos partidos ao efe