É sabido que o municipalismo é um tema muito grato a Agostinho da Silva.
Recordo em palavras suas, a propósito do comunitarismo agro-pastoril, referências a essa prática entre os pescadores e as remenescencias disso na palavra “campanha” identificadora do conjunto de tripulantes do mesmo barco. Na verdade, ainda há bem pouco tempo, lembro-me bem, nos barcos de pesca artezanal em algumas zonas da nossa costa, o produto do pescado era assim dividido em partes iguais: uma para o barco, outra para as redes e uma para cada um dos camaradas onde se incluía o proprietário. Hoje este tipo de “comunitarismo “ local já não é possível, barcos mais potentes, sondas, radares, gps, sistemas de frio, circuitos de distribuição, etc. exigem outra organização, ficando por resolver se privada se colectiva.
Em “Vida Conversavel” Agostinho da Silva é muito claro sobre a questão do municipalismo. Como paradigma de organização comunal (comunal, diz ele, para não se confundir com comunismo moderna) é o que se praticou até Dom Dinis.
O que hoje existe são estruturas modeladas para não permitirem interferências no sistema..
Um pouco espalhado por ai existiu e talvez ainda exista em forma meramente formal, associações locais,( em freguesias ) para promover ou defender alguns interesses pontuais, (defesa do património, por exemplo) mas, na verdade, sempre desligadas dos interesses reais da vida das pessoas, como, mero exemplo real, incentivação do comunitarismo para a criação de uma estação de frio para conservação do pescado ao invés de um discurso mais ou menos político. Consequência: canais de transmissão de mensagens fechados.
Desarticulados e sem um pensamento orientador essas associações foram incapazes de organizar uma estratégia e por isso facilmente neutralizados pelos poderes locais que são, de facto, o inimigo do municipalismo.A questão que se coloca hoje é determinar a sua aplicabilidade à actual situação (estádio de desenvolvimento dos meios de produção) e achar as vias da sua implementação, ou seja, de o impor ao actual sistema político (capitalista).
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1 comentário:
A rede lusófona de computadores está a revelar a profundidade das culturas lusotropicais. No tema das comunidades de pesca artesanal vemos hoje na região do Salgado (costa do mar) no Estado do Pará a mesma forma de partilha a que se refere o blogue: uma parte para a canoa, outra para as redes, e tantas mais para cada um dos companheiros. A ver o quanto a filosofia de Agostinho da Silva tem a ver com a vida prática. O MIL a congregar energias humanas poderá contemplar alguma ação junto à Unesco notadamento no programa "O Homem e a Biosfera (MAB); a fim de valorizar tais comunidades tradicionais da área lingüística lusófona mundial.
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