A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra).
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa).
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286.
Donde vimos, para onde vamos...
Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)
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sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
A recusa do referendo é natural...
De facto, é natural a recusa do referendo sobre o tratado europeu. Não é por acaso que ela "acontece" num período eloquentemente socrático (não me estou, é claro, a referir ao Sócrates barbudo que nunca se matriculou em universidades, nunca usou fatiotas Armani e bebeu uma taça de Cicuta em nome da verdade). Um período em que os telejornais abrem diariamente com a notícia de uma promessa, eleitoral, ou não, quebrada. Vivemos um período "histórico" em que a mentira, dada a usura da repetição, se tornou moeda corrente.
Não há nada sagrado para esta classe política e governante. Não há princípios éticos ou morais que estejam acima das tácticas, "esgalhadas" em cima do momento, sempre a mirar os holofotes da comunicação social (já agora, totalmente mergulhada nesta atmosfera de compadrio e descaramento político).
A vaidade pessoal dos governante, talvez seja uma, pequena, excepção, uma vez que essa não é desmentida pelos gestos mais pequeninos, mais torneadinhos, mais engravatadinhos por assessorzinhos que se multiplicam nos esconços do poder como formiguinhas-mestras, papa-milhões e serviçais. São criaturinhas da sombra que fazem um tirocínio para ascenderem a postos superiores na máquina absurda, incontrolável, infalível que sustenta os malabarismos saltimbânquicos dos detentores do "poder". Algumas até ascendem a fotocópiazinhas do chefe, muito emgomadinhas e com lábiozinhos arredendadinhos de deleite.
Contrastam com a feiura dos reformados, esse glutões que se preparam para se empanzinarem com uns dois e pouco por cento de coisa pouca. Os lambões, ainda longe, ou talvez irremediavelmente arredados, dos escrúpulos estéticos e civilizacionais do armamentário de cosméticos e práticas saudáveis e muito telegénicas do modo de vida metrossexual.
Isto tudo a ver se essa feiura afasta o eleitor, com ar enojado, das alternativas (que o são só por servirem de chicote momentâneo, espanta-moscas, mete-medo a quem se vê bem empoleirado e gosta de assim se ver) eleitorias, principalmente as que regam os comícios com carrascão e animam as hostes com sardinha assada e coirato.
Por tudo isto as mentiras não causam escândalo.
Poisar um aeroporto na Ota ou para os lados de Alcochete é como decidir ir a um casino para fumadores ou para não fumadores.
Como poderá esta classe política pôr em obra projectos de grande alcance?
E o tratado de Lisboa não é um projecto de grande alcance. Basta ver que grande parte das negociações, que prepararam a cimeira de Lisboa, andaram à volta das maluqueiras de dois gémeos idênticos, na genética e na idiotia, que nessa altura presidiam aos destinos da Polónia. As tácticas redondinhas, muito aveludadazinhas, muito mentirozinhas, a cair no goto, a falar ao coraçãozinho dos mandantes da Europa, elevou Lisboa a ex-líbris dessa coisa nebulosa que já não se quer referendar.
Como se os povos dos 27, de todos eles, estivessem amestradinhos como o de cá. Nem a constante humilhação da Função Pública, ou o permanente enxovalho da classe docente, ou o fecho de maternidades (obrigando, até, que parturientes portuguesas tenham os seus filhos em Espanha), de urgências. Para cá, para o povo inestético, avesso a cremes e gravatas felpudas, os gritos esganiçados, a "autoridade", o punho, de unhinhas impecáveis, a ameaçar bater na mesa, a balofa fanfarronice de ministros e quejandos.
Tudo isto, ao mesmo tempo que a banca anda a descarrêgo, os poderes económicos mandam mais que todas as instituições do Estado juntas e a ideia de Governo parece cada vez mais uma ironia da história.
Por isso, todos os que têm responsabilidades, de facto, a nível educativo e cultural, na docência, em todos os níveis de ensino, na investigação, na escrita, nas artes, na troca livre de ideias, estão na linha da frente do combate pela dignificação do ser humano e pela exaltação da Cultura como a via para a plenitude. Porque o verdadeiro poder não pesa, não agride, não se resigna, não se contenta com o imediato, não busca a visibilidade, não quer mais do que a sua própria vigência libertadora. Trata-se do poder de criar. E é o que nos faz nascer homens, numa Pátria, a falar uma Língua, a ver o mundo com olhos límpidos. Tudo o que obscurece, castra, teme a inteligência, está fadado à fantasmagoria dos dias vazios.
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3 comentários:
É triste que tenhamos de estar de acordo com tudo o que aqui é dito, mas é motivador que ao fazê-lo tenhamos de assumir a responsabilidade por apresentar uma alternativa consistente a tudo isto ! Há que denunciar esta situação de todas as formas, como se faz nos Manifestos deste blogue. Apoio o MIL e o caminho que aponta: vamos divulgar a Declaração e mudar o país !
Isso, organizarmo-nos para mudar o país ! Venham muitos MIL !
Isto atingiu de facto o cúmulo da indignidade... É a hora de fazer qualquer coisa para pôr esta gente a andar !...
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