Aparte todas as quezílias, mais ou menos educadas, o importante em todo este debate à volta do MIL é saber o que pretendemos fazer com este movimento de solidariedade e união. Iniciativas assim são próprias do ser português, da sua generosidade intrínseca como povo... congregar, ajudar quem precisa.
Mas será que podemos eliminar os problemas estruturais dos povos lusófonos, como sejam a doença/morte, os conflitos étnicos, a fome? Afastar os políticos corruptos que lançam o povo na maior das misérias, impedindo e hipotecando o seu desenvolvimento educacional e formativo futuro? Etc... Como fazê-lo?
Qual é o projecto MIL e o que é que nós portugueses, como pátria com centenas de anos de história, podemos fazer para atenuar, pelo menos, estes problemas tão profundos? Não padecemos nós, em Portugal, de problemas de fundo, como o aumento da violência, do desemprego, as dificuldades em pagar as nossas contas no fim de cada mês, etc...? E o que dizer do aumento de doenças como a depressão, e não só, que a população portuguesa tem vindo a sofrer? E ainda, dos nossos jovens sem esperança no futuro? Também Portugal tem sofrido, e de que maneira, os embates do mundo globalizado. O bom senso aconselharia: “Arruma primeiro a tua casa e depois arruma a do teu vizinho”. Mas será isto possível?...
Um Movimento no mundo de hoje não pode limitar-se a ser cultural, quando os povos com quem se quer unir morrem de fome, de doenças e são vítimas dos seus governantes. Este movimento, que se pretende que tenha impacto na vida dos povos, tem de ter a coragem e, sobretudo, a capacidade de enfrentar os interesses políticos, económicos e financeiros instalados que comandam e governam o mundo há décadas. Estará o MIL, ou a presumível união lusófona, condenado à política do “orgulhosamente sós” então seguida por um estadista que, lutando contra os interesses que emergiam na época, “isolou” Portugal e as suas colónias do mundo? Será isso possível, hoje, no mundo globalizado, na aldeia global em que todos vivemos?
Isto pode parecer pouco espiritual, mas é a verdade nua e crua do mundo tal como ele é actualmente e há que saber lidar com esta situação da melhor forma possível sem abdicar de ideais que nos são tão queridos e que tão bem são expressos no manifesto da “Nova Águia”. A cultura é importante, mas antes há que resolver problemas bem mais complexos de ordem material, pois na actualidade é o dinheiro e o poder quem ditam as leis que regem o mundo. Para mim, a espiritualidade, hoje, revela-se na denúncia das coisas que estão mal e na coragem de dizer que “o rei vai nu”.
Na minha opinião, a união Lusófona não deve restringir-se a Portugal e aos países de língua ou cultura portuguesa, mas a todos os países e povos onde um português (e temos de ter em conta que em todos os cantos do mundo existe, pelo menos, um luso), com a sua forma de estar e de ser, transmite a sua marca, a sua cultura e se mescla naturalmente no seio dessas comunidades. Vemos isso em alguns países (e só para citar alguns dos principais) como a Venezuela, Estados Unidos da América (com uma significativa e importante comunidade portuguesa), Canadá, França, Alemanha, Suíça, Luxemburgo, África do Sul... em que os portugueses, à semelhança dos seus antepassados, convivem com tão diferentes povos, aprendendo e extraindo deles o melhor que têm e rejeitando o que contraria a sua forma de ser. A esta marca que nasce connosco chamo Lusitanidade. É este elemento que nos faz capazes de conviver e coexistir com qualquer povo e, por isso, somos um povo universalista que não se restringe a um espaço geográfico e abomina limitações. Somos um povo de pioneiros, de lutadores e, porque não, de sonhadores (não é sonho que comanda a vida?) que segue o sonho de uma vida melhor e tudo faz para que ao seu redor todos comunguem do seu estado de ânimo. Somos um povo universalista e não nacionalista (se bem que utilizemos os nossos valores ou símbolos nacionais para daí tomar fôlego para uma missão, causa ou ideal, como queiramos chamar) e, sobretudo, somos um povo que não se deixa limitar a rótulos, pois o Português é livre de viver o seu sonho: a união de todos os povos, a paz e o amor universais, o tão apregoado Quinto Império pessoano. Para mim, este é o estigma ab origine do ser português - a Lusitanidade -, que se fez UNO na MULTIPLICIDADE. O mundo é a casa do português e o seu limite é o universo.
Muito mais havia a dizer... mas fico por aqui.
A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra).
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa).
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286.
Donde vimos, para onde vamos...
Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)
Albufeira, Alcáçovas, Alcochete, Alcoutim, Alhos Vedros, Aljezur, Aljustrel, Allariz (Galiza), Almada, Almodôvar, Alverca, Amadora, Amarante, Angra do Heroísmo, Arraiolos, Assomada (Cabo Verde), Aveiro, Azeitão, Baía (Brasil), Bairro Português de Malaca (Malásia), Barcelos, Batalha, Beja, Belmonte, Belo Horizonte (Brasil), Bissau (Guiné), Bombarral, Braga, Bragança, Brasília (Brasil), Cacém, Caldas da Rainha, Caneças, Campinas (Brasil), Carnide, Cascais, Castro Marim, Castro Verde, Chaves, Cidade Velha (Cabo Verde), Coimbra, Coruche, Díli (Timor), Elvas, Ericeira, Espinho, Estremoz, Évora, Faial, Famalicão, Faro, Felgueiras, Figueira da Foz, Freixo de Espada à Cinta, Fortaleza (Brasil), Guarda, Guimarães, Idanha-a-Nova, João Pessoa (Brasil), Juiz de Fora (Brasil), Lagoa, Lagos, Leiria, Lisboa, Loulé, Loures, Luanda (Angola), Mafra, Mangualde, Marco de Canavezes, Mem Martins, Messines, Mindelo (Cabo Verde), Mira, Mirandela, Montargil, Montijo, Murtosa, Nazaré, Nova Iorque (EUA), Odivelas, Oeiras, Olhão, Ourense (Galiza), Ovar, Pangim (Goa), Pinhel, Pisa (Itália), Ponte de Sor, Pontevedra (Galiza), Portalegre, Portimão, Porto, Praia (Cabo Verde), Queluz, Recife (Brasil), Redondo, Régua, Rio de Janeiro (Brasil), Rio Maior, Sabugal, Sacavém, Sagres, Santarém, Santiago de Compostela (Galiza), São Brás de Alportel, São João da Madeira, São João d’El Rei (Brasil), São Paulo (Brasil), Seixal, Sesimbra, Setúbal, Silves, Sintra, Tavira, Teresina (Brasil), Tomar, Torres Novas, Torres Vedras, Trofa, Turim (Itália), Viana do Castelo, Vigo (Galiza), Vila do Bispo, Vila Meã, Vila Nova de Cerveira, Vila Nova de Foz Côa, Vila Nova de São Bento, Vila Real, Vila Real de Santo António e Vila Viçosa.
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5 comentários:
Sempre há e haverá problemas, maiores ou menores. A uníão lusófona está acima disso. É um acreditar que isso a todos beneficia e não que tudo resolve.
Nesse aspecto apoio a 100% o Eduardo Amarante. Não nos devemos limitar a língua, livros e ideias bonitas. É fundamental também discutir as condições materiais e sociais que impedem que grande parte dos Lusófonos realizem plenamente o seu potencial.
"Aparte todas as quezílias, mais ou menos educadas, o importante em todo este debate à volta do MIL é saber o que pretendemos fazer com este movimento de solidariedade e união. Iniciativas assim são próprias do ser português, da sua generosidade intrínseca como povo... congregar, ajudar quem precisa."
-> Devemos levá-lo tão longe quanto fôr possível. Sem preconceitos, nem limitações castradoras logo à partida. Dar azo à liberdade de pensamento que caracteria os verdadeiros portugueses, e todos os povos da lusofonia.
"Mas será que podemos eliminar os problemas estruturais dos povos lusófonos, como sejam a doença/morte, os conflitos étnicos, a fome? Afastar os políticos corruptos que lançam o povo na maior das misérias, impedindo e hipotecando o seu desenvolvimento educacional e formativo futuro? Etc... Como fazê-lo?"
-> Educando... Por isso dava Agostinho da Silva um enfoque tão forte na Educação... Educação e Cultura são condições sine qua non para que possa haver verdadeira democracia, que é o que vem aqui faltando, de Portugal a Timor...
"Qual é o projecto MIL e o que é que nós portugueses, como pátria com centenas de anos de história, podemos fazer para atenuar, pelo menos, estes problemas tão profundos? Não padecemos nós, em Portugal, de problemas de fundo, como o aumento da violência, do desemprego, as dificuldades em pagar as nossas contas no fim de cada mês, etc...? E o que dizer do aumento de doenças como a depressão, e não só, que a população portuguesa tem vindo a sofrer? E ainda, dos nossos jovens sem esperança no futuro? Também Portugal tem sofrido, e de que maneira, os embates do mundo globalizado. O bom senso aconselharia: “Arruma primeiro a tua casa e depois arruma a do teu vizinho”. Mas será isto possível?..."
-> Esta "Depressão" (clara e forte) da alma portuguesa resulta em primeiro lugar da falta de objectivo polarizador que nos levou a ultrapassar o impossível noutras épocas. A "Europa" não congrega os portugueses, pelo seu aspecto tecnorático e economicista. Urge encontrar novos projectos potenciadores e congregadores... A União Lusófona poderá ser um destes projectos.
Um Movimento no mundo de hoje não pode limitar-se a ser cultural, quando os povos com quem se quer unir morrem de fome, de doenças e são vítimas dos seus governantes. Este movimento, que se pretende que tenha impacto na vida dos povos, tem de ter a coragem e, sobretudo, a capacidade de enfrentar os interesses políticos, económicos e financeiros instalados que comandam e governam o mundo há décadas. Estará o MIL, ou a presumível união lusófona, condenado à política do “orgulhosamente sós” então seguida por um estadista que, lutando contra os interesses que emergiam na época, “isolou” Portugal e as suas colónias do mundo? Será isso possível, hoje, no mundo globalizado, na aldeia global em que todos vivemos?
Isto pode parecer pouco espiritual, mas é a verdade nua e crua do mundo tal como ele é actualmente e há que saber lidar com esta situação da melhor forma possível sem abdicar de ideais que nos são tão queridos e que tão bem são expressos no manifesto da “Nova Águia”. A cultura é importante, mas antes há que resolver problemas bem mais complexos de ordem material, pois na actualidade é o dinheiro e o poder quem ditam as leis que regem o mundo. Para mim, a espiritualidade, hoje, revela-se na denúncia das coisas que estão mal e na coragem de dizer que “o rei vai nu”.
Na minha opinião, a união Lusófona não deve restringir-se a Portugal e aos países de língua ou cultura portuguesa, mas a todos os países e povos onde um português (e temos de ter em conta que em todos os cantos do mundo existe, pelo menos, um luso), com a sua forma de estar e de ser, transmite a sua marca, a sua cultura e se mescla naturalmente no seio dessas comunidades. Vemos isso em alguns países (e só para citar alguns dos principais) como a Venezuela, Estados Unidos da América (com uma significativa e importante comunidade portuguesa), Canadá, França, Alemanha, Suíça, Luxemburgo, África do Sul... em que os portugueses, à semelhança dos seus antepassados, convivem com tão diferentes povos, aprendendo e extraindo deles o melhor que têm e rejeitando o que contraria a sua forma de ser. A esta marca que nasce connosco chamo Lusitanidade. É este elemento que nos faz capazes de conviver e coexistir com qualquer povo e, por isso, somos um povo universalista que não se restringe a um espaço geográfico e abomina limitações. Somos um povo de pioneiros, de lutadores e, porque não, de sonhadores (não é sonho que comanda a vida?) que segue o sonho de uma vida melhor e tudo faz para que ao seu redor todos comunguem do seu estado de ânimo. Somos um povo universalista e não nacionalista (se bem que utilizemos os nossos valores ou símbolos nacionais para daí tomar fôlego para uma missão, causa ou ideal, como queiramos chamar) e, sobretudo, somos um povo que não se deixa limitar a rótulos, pois o Português é livre de viver o seu sonho: a união de todos os povos, a paz e o amor universais, o tão apregoado Quinto Império pessoano. Para mim, este é o estigma ab origine do ser português - a Lusitanidade -, que se fez UNO na MULTIPLICIDADE. O mundo é a casa do português e o seu limite é o universo.
Muito mais havia a dizer... mas fico por aqui.
Estou de acordo com quase tudo. Para já, conforme surgirá na próxima declaração de princípios e objectivos do MIL, trata-se efectivamente de começar por Portugal e arrumar a nossa casa, exortando os outros povos lusófonos a que façam o mesmo nas suas.
Quanto à Lusitanidade, não vejo que ela contradiga a Lusofonia. A Lusofonia é o horizonte mais imediato de um espírito que demanda o Universo e mais além.
De facto, a Lusitanidade não contradiz a Lusofonia; pelo contráro, reforça-a. Fico a aguardar a próxima declaração de princípios e objectivos do MIL.
Não gostaria de deixar passar em claro o comentário do Sr. Clavis para realçar o papel da Educação e da formação contínua (acrescento eu)fundamentais nos povos lusófonos. Só que aqui, na minha percepção, levanta-se uma questão: Como o fazer sem nos imiscuirmos nos assuntos internos desses países que,agora, são independentes.
Acredito que o engenho português irá encontrar a resposta ou a solução para este obstáculo...
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