AINDA E SEMPRE O PESSIMISMO NACOINAL(nota: adaptação de um velho texto) Continua a estar quase na moda descrer sistematicamente de Portugal, do seu Povo, e das suas capacidades. Os argumentos não mudam. Por isso, repetindo muito do que já sobre isso escrevi, volto a dedicar-me a esse tema. Ainda e sempre, talvez por tradição, olha-se para a vizinha Espanha, fazem-se comparações, e ou se reage quase com “raiva”, ou se lamenta a situação portuguesa, defendendo mesmo uma União Ibérica como forma de resolver os problemas da velha terra lusa. Não vou considerar tal uma traição. Não sou maniqueísta. Respeito tal opinião como o exercício da liberdade de expressão. Não acredito em patriotismos que tenham de ser impostos. Acredito em patriotismos que, debatidos livremente, resultam como naturais.Lembro-me de um artigo no “Público” em que uma intelectual de reconhecido mérito, comparava Portugal e Espanha, com manifesta vantagem para esta última. Recordava a Espanha que conheceu na década de 1960, e a sua pobreza. Recordava a evolução posterior, sem esquecer que o próprio franquismo, na sua fase final, começou a privilegiar o desenvolvimento interno, no que não seguiu o exemplo de Salazar, que se atolou numa Guerra Colonial sem fim, e nunca se livrou de um modelo de sociedade ruralizante e arcaico. Notava depois a excelência da pintura espanhola , o que ninguém no mundo contesta. Deslumbrava-se com o desenvolvimento económico, insurgia-se (e bem) contra o ódio à Espanha. Num ponto não posso concordar: quando afirmava que o patriotismo só era concebível em momentos de emergência nacional. É que, para haver “emergência nacional”, tem de haver nação, que algum tipo de patriotismo terá de sustentar. Concordei com a afirmação de que há um patriotismo moderno, que consiste em amar a pátria fazendo tudo para a tornar mais próspera, mais forte, e mais culta, e um patriotismo conservador, que consiste em viver no passado. Todavia, a autora em questão acabava por manifestar um total desânimo e uma completa descrença nas capacidades de Portugal. Ficava deslumbrada com o que via, e propunha-se imitar tudo. Reclamava que o seu mundo não acabava em Vilar Formoso, tentando ver mais longe que o limite da fronteira do seu país.Aqui, fez-me lembrar um comentário do velho romano Tácito, em relação à atitude dos povos dominados por Roma, no processo de Romanização. Dizia ele, a propósito dos ditos povos: “Os mais propensos há pouco a rejeitar a língua de Roma ardiam em zelo para a falar eloquentemente. Depois isto foi até ao vestuário que nós temos a honra de trajar e a toga multiplicou-se progressivamente; chegaram a gostar dos nossos [Romanos] próprios vícios, (...) dos banhos (...), e estes iniciados levaram a sua inexperiência A CHAMAR CIVILIZAÇÃO AO QUE NÃO ERA SENÃO UM ASPECTO DA SUA SUJEIÇÃO”. Ninguém podia acusar a autora, uma escritora, de desrespeitar a sua língua. Mas... será que não estamos, muitos de nós, a proceder como os povos dominados pelos romanos ?Antes de desenvolver outros tópicos, gostaria de desmistificar alguns números, referentes ao nosso vizinho peninsular, apenas (E SÓ POR ISSO...) por ser o país com o qual mais vezes é costume comparar desvantajosamente o nosso. Por exemplo, é costume ouvir frases do género: “Em Portugal ganha-se 3 ou 4 vezes menos do que em Espanha”, ou “Não há em Espanha reformas inferiores a 500 euros”. Não há dúvida que actualmente se vive melhor em Espanha do que em Portugal, mas... segundo as estatísticas mais recentes, há uma diferença de nível de vida de cerca de 25-30%. Por outro lado, se as reformas, em Espanha, são superiores às portuguesas, aconselho a leitura do “Periódico Extremadura” de 20 de Agosto de 2001, e de relatórios mais recentes (2005) onde se revela que sistematicamente se esconde que 30% dos idosos extremenhos chega com dificuldades ao fim do mês porque recebe menos de cerca de 300 euros mensais. Há, pois, reformas baixas em Espanha!!! Por outro lado, se alguns salários médios ou altos em Portugal e Espanha são comparáveis, A MÉDIA DOS SALÁRIOS BAIXOS DEIXA-NOS DEPRIMIDOS, POIS É RAZOAVELMENTE SUPERIOR À PORTUGUESA. ISTO SIGNIFICA QUE A DISTRIBUIÇÃO DA RIQUEZA, EM PORTUGAL, CONTINUA ERRADA, MESMO EM TERMOS CAPITALISTAS. TEMOS DE MUDAR ISSO, E SÓ NÓS O PODEMOS (E DEVEMOS) FAZER. E pensar que há empresários, grandes empresários, portugueses, que dizem que os trabalhadores querem ganhar demais... e que há responsáveis governativos que fazem propaganda aos baixos salários dos lusitanos... Mas, mesmo limitando-nos a uma análise economicista... como podemos nós adivinhar, daqui a 30 ou 40 anos, qual dos dois países, Portugal ou Espanha, estará melhor economicamente? O tamanho pode ajudar, mas há países menores que Portugal (Holanda, Bélgica, Dinamarca, Suíça) onde se vive melhor que em Espanha. E, já agora, digo-lhe: o Japão é mais pequeno que a Espanha e tem menos matérias primas. Qual é a economia mais desenvolvida? Tudo é uma questão de organização. Eu acredito que somos capazes de fazer melhor. Portugal nunca irá para a frente se formos continuamente pessimistas. ALIÁS, CREIO QUE SE NOS TRANSFORMARMOS EM PROVÍNCIA DE QUALQUER OUTRO PAÍS, perderemos mesmo a nossa capacidade de decidir seja o que for. Seremos eternamente criados, fornecedores de matérias-primas, mão de obra barata, uma massa de consumidores cujo poder de compra será decidido por outros que não nós. Contra isto, não penso que se deva parar de lutar. Se ainda há miséria e exploração em Portugal, se a distribuição da riqueza continua injusta, então há que continuar a contestar. A propor novas soluções, a desmascarar situações de pobreza, de corrupção, de políticos desonestos. Com muito maior empenho do que actualmente. Para mim, o grande problema da História de Portugal é que A DISTRIBUIÇÃO DE RIQUEZA SEMPRE TEM SIDO MUITO INJUSTA AO LONGO DOS SÉCULOS, E ASSIM CONTINUA. Por isso, os portugueses, a grande massa, sente-se muito distante das elites, e vice-versa. Esta União Europeia provoca-me apreensões! A sua tónica quase exclusiva na "Economia Moderna" não augura grande futuro. Tenho como historicamente provado que as uniões duradouras não devem deixar escondidos os ressentimentos, mas sim pôr-lhes cobro com justiça. Mais, creio que em tais uniões não pode haver desigualdades significativas em termos económicos e produtivos, sociais e outros.Aqui, começo a recear pelo futuro da União Europeia... mesmo sem soluções socializantes que alguns considerarão radicais! É verdade que sou muito descrente em relação ao capitalismo, e daí a minha insistência em lembrar que não estou, nestas linhas, a falar como anticapitalista militante que sou (ainda que tal não seja fácil para mim), mas sim como um cidadão que tenta analisar, um pouco neutralmente, o mundo que me rodeia. Ainda que isso de “neutralmente” seja, para mim, quase sempre uma impossibilidade... Deixem-me dizer uma vez mais que nada tenho contra Espanha. Tenho é algo a dizer contra a fraqueza de Portugal, que, em nome da liberdade de mercados, tem sido governado sem objectivos concretos, sem determinação, deixando que o nosso vizinho Ibérico vá controlando vários sectores de actividade. Mesmo sem recordar Olivença... que, apesar de tudo, pode servir de (mau) exemplo. Para mim, desde há vários anos, há falta de planeamento. A única política seguida tem sido a de “obedecer a tudo”! Quais são os objectivos nacionais portugueses gerais, mesmo dentro da União Europeia? Apenas, e só, integração, diluição, vassalagem. Portugal é actualmente um país dependente da economia e finanças estrangeiras, principalmente, por motivos geográficos de proximidade, espanholas. Veja-se como a Espanha (por culpa portuguesa, repito) tem tomado conta de sectores-chave da economia (combustíveis, electricidade, telecomunicações, pescas... e até a agricultura). Infra-estruturas produtivas portuguesas têm sido compradas por empresas espanholas, e as mesmas vão-se implantando em Portugal. As políticas erradas vão obrigando alguns jovens portugueses a estudar em Universidades Espanholas, levam à contratação de profissionais espanhóis (que têm muito mérito; o problema é que em Portugal há falta de planeamento que dê formação a profissionais portugueses). Ultimamente, em nome da modernidade, põem-se em causa direitos fundamentais, nas áreas da Saúde, do Ensino, do Emprego. Como se motiva um povo desta forma ? Com este tipo de “avanços” do País, contribui-se para criar sentimentos de inferioridade com reflexos graves na auto-estima e na vontade nacionais, a nível cultural, social, histórico, e, claro, económico. Carlos Eduardo da Cruz Luna Estremoz, 9 de Março de 2007
CONTRA O PESSIMISMO PORTUGUÊS É um pouco difícil explicar exactamente as causas do pessimismo português,mas podem tentar-se procurar algumas explicações.Por exemplo, o Português é impaciente. Não lhe chega ter evoluído muito nosúltimos trinta anos, com altos e baixos à mistura. Para ele, era necessárioestar já ao nível de uma Suécia ou Holanda. Mesmo tendo partido de umagrande posição de desvantagem. Assim, é difícil estar contente. Convém serambicioso, mas há aqui um exagero, pois não é possível em trinta anos"queimar" tantas etapas!Portugal habituou-se a viver em função de um Império Ultramarino nos últimos500 anos (Oriente, Brasil,África). Agora, regressa a 1415. Olha para o seupaís, e, claro, fica deprimido. Resta-lhe tão pouco espaço...Aqui, é curioso verificar como se insiste na idéia de que o País é pequeno.Quantos portugueses saberão de facto que países importantes e com bonsníveis de vida (superiores à Espanha) têm cerca de metade do tamanho dePortugal? E cito quatro: Holanda, Bélgica, Suíça, Dinamarca. E, em termos detamanho também, mas com áreas semelhantes, encontramos na Europa países comoa Áustria, a Irlanda, a Grécia, a República Checa, e outros. Alguns estadossurgiram recentemente, saídos de unidades maiores, porque sentiam anecessidade imperiosa de serem donos do seu próprio destino, APESAR DEMUITOS DELES SEREM BEM MENORES DO QUE PORTUGAL! Temos aí a Eslovénia, aEslováquia, e outros. E sem complexos...Talvez Portugal seja livre há tanto tempo que já nem sabe dar valor àliberdade. O que é perigoso, pois a Liberdade tem preço, e muitas vezes pagocom sangue!Portugal tem outros complexos. Sofre de uma necessidade de "aparecer", porvezes a qualquer custo, nas arenas internacionais. Por vezes de formaridícula. E parece envergonhar-se até de reivindicar com persistência aquiloa que tem direito. Alguns silêncios sobre questões de violação das águasterritoriais portuguesas, ou, talvez pior, um meio-silêncio de duzentos anossobre o território de Olivença, são disso exemplo. Felizmente, neste caso,há algumas excepções honrosas.Também não ajudou a combater o pessimismo o nacionalismo serôdio de 48 anosem que ser nacionalista e patriota era obrigatório... mas em que o nível devida pouco cresceu, em que quase só élites prosperaram, e (pior! Muitopior!) em que qualquer português que passasse além Pirinéus verificava,estupefacto, como os níveis de vida e o conforto dos povos da EuropaOcidental ( então referenciada em Portugal como decadente) eramincomparavelmente superiores aos de Portugal.As élites são outro problema, já que tradicionalmente, e ressalvandohonrosas excepções, são egoístas, incapazes de colectivamente procurartemcaminhos comuns, descrentes e desconfiadas em relação ao seu próprio povo.Povo, aliás, que olham mais como uma "massa" explorável do que comoconcidadãos.Os hábitos de trabalho, num povo habituado a ver que quem melhor supera asdificuldades são os que pouco ou nada fazem, ou mesmo os "espertalhões" e osdesonestos, não estão obviamente muito arreigados. Tradicionalmente, otrabalho não é socialmente muito prestigiante...Os políticos parece não terem aprendido muito com a Primeira República e asua queda. Embora haja progressos, a classe política continua afastada dopovo, e a prometer o que não tenciona cumprir, ainda que neste caso sejammuitos os países onde se verificam comportamentos semelhantes...o que muitosparecem ignorar ou fingir ignorar.Parece-me que há no Português um hábito curioso que talvez seja uma herançaSebastianista: descrer em si próprio e no seu país e esperar um Salvador,uma Mente Iluminada que tudo resolva e o dispense de pensar; deste modo, édifícil mobilizar-se em termos individuais e colectivos para pressionar nosentido de profundas mudanças sociais.Talvez reflexo de tudo isto, é a desorientação geral do Poder Político. Nãohá um projecto coerente para Portugal, que consiga consensos mínimos. O quedeve produzir-se em Portugal? O que se deve fazer para evitar e corrigir asprofundas disparidades entre diferentes regiões do País? Como se deveráplanificar a economia ( mesmo em Economia de Mercado algo se tem deplanear!) para que o nível de vida dos trabalhadores portugueses, e portantoa sua dedicação ao trabalho, se aproxime dos níveis ditos "europeus?A juntar ainda a tudo isto, está o baixo nível de formação e deescolarização ( não esquecendo a cultura ) da população. É evidente que setem de corrigir este aspecto, e não parece ser isso o que se está seriamentea fazer.Para concluir ( e muito mais haveria a dizer ), direi que nunca um povo ouum país prosperaram abdicando da sua existência. Nenhum estrangeiro(Espanhol, Francês, Alemão) nos virá "ajudar" sem pedir nada em troca. E semter tendência a monopolizar os cargos superiores e mais bem pagos... Estremoz,Junho -2005 Carlos Eduardo da Cruz LunaRua General Humberto Delgado, 22, r/c 7100-123-ESTREMOZ 268322697 939425126__________________________________________________________
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1 comentário:
reparem num pormenor Perverso :
quanto mais pessimista está o povo, mais procura prazer em bens materiais,
os portugueses têm-se tornado cada vez mais consumistas, em busca de "prazer" nas coisas materiais.
estudos revelam que estamos cada vez mais endividados, somos dos que consomem mais dinheiro com cartões de crédito, somos dos que mais se endividam com micro-créditos,
será "coincidência" ???
o consumo de anti_depressivos tem aumentado também ( as farmácias fartam-se de lucrar $$ ).
há grupos muito interessados em manter-nos em estado depressivo.
deprimidos = mais consumistas.
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