A recusa de referendar a ratificação do Tratado de Lisboa, dando o dito por não dito, por pressão e medo dos caciques da Europa (Álvaro de Campos, há quase um século, chamou-lhes os "mandarins" e continuam a ser os mesmos), é mais um episódio vergonhoso. Não que eu seja contra o estarmos na Europa, onde estamos naturalmente, por situação geográfica, como no resto do mundo, por vocação histórico-anímica. Mas porque isto mostra que não é deste modo que um povo, um primeiro-ministro e um presidente dignos de o ser se podem considerar europeus, numa provinciana subserviência que lhes curva a espinha até baterem com a testa no chão aos pés de meia-dúzia de gestores de um poder de fachada.
Que é um poder de fachada mostra-o o único sinal positivo e de esperança em toda esta farsa. É que, conforme foi notado pelos comentadores, as pressões europeias sobre o presidente e o primeiro-ministro portugueses (formalmente semelhantes às da China para a não recepção do Dalai Lama) mostraram o medo dos "mandarins" de que um referendo popular em Portugal sobre o Tratado de Lisboa, tanto mais feito na cidade que deu o nome ao tratado, poderia contaminar e levar outras nações a fazerem o mesmo, com evidente risco para a implantação da normalização pretendida. Ou seja, os herdeiros do Império romano tremeram perante as consequências, para a sua ordem e para o seu sistema, do exercício da liberdade democrática num pequeno país da sua periferia atlântica. Como outrora Roma perante o amor pela independência do pequeno povo lusitano, que hoje uma vez mais vence pelo recurso a quem no seu seio o atraiçoa.
O que mostra que o aparente gigante é afinal um ídolo de pés de barro, que pode ser derrubado pela mínima pedra certeira. Como no sonho de Nabucodonosor, interpretado por Daniel, o fundamental texto profético do Quinto Império... Se deixássemos de ter medo de quem afinal nos teme...
A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
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Donde vimos, para onde vamos...
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5 comentários:
"A recusa de referendar a ratificação do Tratado de Lisboa, dando o dito por não dito, por pressão e medo dos caciques da "
-> É este Portugal menor e tímido que urge sacudir para fora do tapete, remetendo para o monte de poeira onde ele merece estar. Este cego seguidismo e esta babaca admiração pelos "senhores" do norte.
"Europa (Álvaro de Campos, há quase um século, chamou-lhes os "mandarins" e continuam a ser os mesmos), é mais um episódio vergonhoso. Não que eu seja contra o estarmos na Europa, onde estamos naturalmente, por situação geográfica, como no resto do mundo, "
-> Essa é uma discussão muito interessante... De facto, acredito que Portugal é muito mais "atlântico" do que "europeu". O tal rosto da Europa que mira o mar oceano de Pessoa... O tal ponto de partida para uma re-aproximação com o irmão brasileiro...
-> A Europa será um aspecto da nossa essência, mas não é a determinação na mesma e não nos esgotamos nele, certamente.
"por vocação histórico-anímica. Mas porque isto mostra que não é deste modo que um povo, um primeiro-ministro e um presidente dignos de o ser se podem considerar europeus, numa provinciana subserviência que lhes curva a espinha até baterem com a testa no chão aos pés de meia-dúzia de gestores de um poder de fachada."
-> E recordemo-nos que hoje em dia o "governo" já mal governa e legisla... a maioria das leis são emanadas de bruxelas e a gestão da res publica segue os principios e ditames emanados a partir do centro, sempre.
"Que é um poder de fachada mostra-o o único sinal positivo e de esperança em toda esta farsa. É que, conforme foi notado pelos comentadores, as pressões europeias sobre o presidente e o primeiro-ministro portugueses (formalmente semelhantes às da China para a não recepção do Dalai Lama) mostraram o medo dos "mandarins" de que um referendo popular em Portugal sobre o Tratado de Lisboa, tanto mais feito na cidade que deu o nome ao tratado, poderia contaminar e levar outras nações a fazerem o mesmo, com evidente risco para a implantação da normalização pretendida. Ou seja, os herdeiros do Império romano tremeram perante as consequências, para a sua ordem e para o seu sistema, do exercício da liberdade democrática num pequeno país da sua periferia atlântica. Como outrora Roma perante o amor pela independência do pequeno povo lusitano, que hoje uma vez mais vence pelo recurso a quem no seu seio o atraiçoa."
-> Claro... Não fosse os portugueses atreverem-se a pensar de forma diferente... E a submeter a sua vontade ao voto e a exercer a democracia, coisas muito perigosas nesta "democracia parlamentar" em que vivemos.
"O que mostra que o aparente gigante é afinal um ídolo de pés de barro, que pode ser derrubado pela mínima pedra certeira. Como no sonho de Nabucodonosor, interpretado por Daniel, o fundamental texto profético do Quinto Império... Se deixássemos de ter medo de quem afinal nos teme..."
-> As condições estão a ser criadas pelo próprio "sistema"... Se hoje a maioria dos portugueses ainda são eurofilos... selo-ão ainda quando em 2012 acabarem as ajudas financeiras e passarmos a contribuir para povos que não têm laços culturais ou históricos connosco virando as costas aqueles que de facto os têm?
Qualquer semelhança com os "irredutíveis Gauleses" de Goscini & Uderzo é mais do que mera coincidência ... Finisterras da Europa e além dela, uni-vos!
E se as periferias, por onde se processa a osmose com o mundo, se unissem para civilizar por fim a Europa !?...
Não duvido que é nas periferias que a Europa ainda preserva algumas reservas de energia vital, não poluída pela domesticação da ordem burguesa que invade desde há séculos o mundo. É uma excelente ideia, essa dos finisterras e das periferias unidos para reorientar a gravitação dos poderes europeus e mundiais ! Portugal tem essa potencialidade inscrita na alma. Assim ela desperte o corpo anestesiado.
e nas finisterras não esquecer as de Leste: Bulgária, Finlândia, Noruega e... mais para sul: Chipre e Malta...
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