Se Portugal e Espanha não podem mais evitar a Europa, se não podem mais recusar o estatuto de nações do clube europeu ou da União Europeia, este movimento não precisa ganhar a natureza de uma derrota soterrada pelo brilho de uma acelerada modernização. Talvez Portugal e Espanha consigam preservar as suas almas naturaliter christianas, universais e “imperiais”, (...) numa Europa em unificação. E talvez consigam chamar a atenção da Europa para o que ela já representou na história, agora que não é mais o centro do mundo. Mas, talvez, só possam exercitar e despertar esta universalidade da Europa – e da Ibéria – se voltarem a olhar para a América [Ibérica], sonho que começaram e que permanece inacabado. Talvez aqui [na América Ibérica], neste continente ainda experimental, exista o espaço para uma actualização criativa das belas palavras e das belas acções, para a prova definitiva de que a longa tradição dos Iberos ainda pode enfrentar o futuro.
Do livro Tradição e Artifício: Iberismo e Barroco na Formação Americana, de Rubem Barboza Filho
Do livro Tradição e Artifício: Iberismo e Barroco na Formação Americana, de Rubem Barboza Filho
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