A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Assim fala quem a Saudade não cala

Se os portugueses sarassem de procurar fora o infinito que são !... Teria razão, não a sua, mas outra, inconsciente, o Velho do Restelo ? Haverá que converter a Saudade ?

África, India, Brasil, Europa - quando regressará a casa o filho pródigo ? A si, ou seja, a todo o mundo, sem ser por escutar o Velho do Restelo...

Desfazer-se no pôr do sol, nas ondas do mar, nos céus sangrando ouro… Enlanguescer de marítima imensidão, enlouquecer de saudade, sem retorno… Portugal ...

Saudade: primícia de um tempo sem idade.

Tudo é saudade de não a haver.

Serpente, Sebastião, Saudade - Sibilina Sabedoria.

Alcácer-Quibir - Costas no chão, corpo e respiração abandonados, devolvemos o espírito ao céu e à terra. Morremos súbita e serenamente. Termina a morte vagarosa. Finda a Ressurreição. Não mais fantasmas se erguerão do campo dos mortos. Libertos, enfim libertos, do mito e da história.

Se virdes um rei embuçado, montado em alvo corcel, lá para as brumosas bandas do crepúsculo ocidental, matai-o, oh, matai-o ! Com aguda flecha trespassai-lhe o manto e o coração de treva. Só então ele vos desencobrirá o rosto, o vosso próprio rosto, incriado e insuportável, de esplendor e glória !

Saudade: desgosto da vida finita e infinita.

Filhos da Terra das Serpentes, todas as eras, mundos e deuses possíveis são as peles que sempiternamente largamos.

Não somos indo-europeus. Somos mais antigos. E por isso posteriores.

O sentido de Portugal é ser para além-ser e dar exemplo disso - um messianismo da divina transfiguração.

Senhores, por natureza ou sua ausência, do informe e da imaginativa concepção e transmutação das formas subtis, falta-nos, portugueses, o domínio da sua materialização plástica bem como da sua organização e rentabilização no mundo. Necessitamos de um banho de classicismo e disciplina da vontade para que, eternos nautas da autêntica realidade virtual, românticos incuráveis, incarnada e eficazmente o sejamos, se isso for possível. Mas apenas se ainda quisermos existir e sobreviver ao banquete de hienas deste mundo. O que só valerá a pena se for para fundar um mundo outro.

Portugal é Alcácer-Quibir. Transfiguração e Glória.

Portugal já não é. Transformamo-nos noutra coisa. Algo de belo e terrível. O moribundo integrado na defunta Europa é uma crisálida de inesperado. A romper asas lusófonas e universais ?

Portugal: saudade do Impossível.

Romance da Nau Catarineta: "Já vejo terras de Espanha, / Areias de Portugal !” - Portugal não é terra, é areia, finisterra húmido e movediço, limbo entre terra, mar e céu, conhecido e ignoto, razão e irrazão, fundo e abismo.

Pensar Portugal só oceânica e musicalmente.

Assim fala quem a Saudade não cala.

13 comentários:

Klatuu o embuçado disse...

Fizeste-me relembrar quando António Quadros ainda vivia e, graciosamente, cedia o IADE para o serviço do Sonho.

Perante ti, Paulo, gostaria de me desembuçar... Mais do que quem somos, a maior cortina é sempre a solidão nossa alma.

Abraço.

Viva El Rey!
Viva Portugal!

Paulo Borges disse...

Devemos então conhecer-nos dessas saudosas palestras e tertúlias, que tanta falta hoje fazem !...
Estou inteiramente de acordo contigo: embuçados todos somos, encoberta é a nossa condição... Paulo também é o véu que me embuça.

Abraço quinto-imperial, na Realeza profunda de tudo !

Lord of Erewhon disse...

Sim, Paulo, nos conhecemos.

Um nome nada é - somos muitos. Mas os símbolos a que damos vida devem possuir-nos inteiramente, até que em nós o sangue se esgote.

Quão honrada a morte de Pátroclo!

Abraço!

Ana Margarida Esteves disse...

Como conciliar o "banho de classicismo" e "disciplina da vontade" com esse espírito dionisíaco de festa e perdição de si mesmo nas areias e nas ondas, sob o céu Finistérreo?

Klatuu o embuçado disse...

Sabes, Paulo, foi uma Alegria Maior ter tomado conhecimento deste espaço e deste nobre e importante projecto... Saber que todos vocês ainda Sonham!

Mesmo na maior solidão, mesmo sem rosto e rodeado de feras, mesmo perdido e sem esperança - todo o homem encontra contentamento em saber que não está só de Ideais, que há outros - tantos - que ainda não desistiram e jamais desistirão!

Viva a Nossa Pátria Sagrada, Mãe Generosa para todos os povos, raças, credos e vontades!

Aos como nós basta, como recompensa final, a bondade do chão, a luz de uma cova na pedra, como a de Frei Agostinho.

Paulo Borges disse...

Agostinho da Silva via o português como unificador de opostos: nessa perspectiva, porque não clássico e romântico, contemplativo e voluntarista, apolíneo e dionisíaco, ora mais uma coisa, ora mais outra, ora as duas igualmente, conforme a necessidade e a possibilidade ?...
E mais um abraço para o nosso Embuçado, vera figura do Rei Encoberto, como no fado do João Ferreira Rosa (... ops, acho que não gostas de fado... como o Agostinho da Silva não gostava... eu confesso que tenho um fraquinho...).

Paulo Daniel disse...

Agostinho da Silva via o português como unificador de opostos! Eu meu caro Paulo Borges vou mais longe, o povo português é capaz de amar o mundo inteiro...

Nós guardamos na nossa literatura um dos primeiros poemas (se não mesmo o primeiro) europeus alusivos a um amor para além das fronteiras impostas pela cor da pele.

Falo logicamente das Endechas a uma Bárbara Escrava do magnífico Camões.

(...)
Pretidão de Amor,
Tão doce a figura,
Que a neve lhe jura
Que trocara a cor.
Leda mansidão,
Que o siso acompanha;
Bem parece estranha,
Mas bárbara não.
(...)

Ora digam-me lá se isto não é a forma mais bela de unificar dois povos.

Paulo Borges disse...

Inteiramente de acordo !

Klatuu o embuçado disse...

Desde que não se faça do fado um Fado, nem se queira reduzir a imensa riqueza cultural do País, de que se erguem mil estandartes simbólicos da Alma de Portugal - pauliteiros, moliceiros, pastores do Gerês, do Marão, do Melgaço, pescadores valentes de norte a sul, como n' «A Morte do Arrais» de Raúl Brandão, a dolência metafísica dos cantos andaluzes a sul, etc, etc, etc... Gosto, então, de fado, mas prefiro o de Coimbra.

Abraço.

Ana Margarida Esteves disse...

Sim, é verdade que o Português é capaz de amar todo o mundo ... Mas também de correr todo o mundo á vergastada ... Ao ponto que fomos os primeiros escravocratas das Américas e os Brasileiros foram os últimos a abolir a escravatura ... De cujo tráfico os Portugueses participaram até tal prática se ter tornado ilegal.

Leia-se "Os Maias" e "O Livro Negro da Expansão Portuguesa".

Amar a Mátria e a nossa tendência para amar todo o Mundo - concerteza! - Mas há que não esquecer que uma grande capacidade de amar vem sempre acompanhada por uma capacidade igualmente grande de odiar e destruir.

Há que manter os olhos abertos para os nossos esqueletos no armário, se não queremos que outros um dias os atirem á nossa cara.

Paulo Daniel disse...

Não retiro uma vírgula do que diz a Ana Margarida Esteves, é verdade que temos esqueletos no armário, como os têm todas as demais nações...

A História é um espelho no qual os Homens se vêm, disse Fernão Lopes, como tal, a imagem que cada um vê reflectida no espelho é subjectiva. Há dias em que fazemos caretas para o espelho noutros dias é o contrário ;).

Mas agora a sério! Longe de mim tentar fazer uma apologia de algo tão desumano e nefasto como a escravatura mas olhe que comparados com outros países, os Portugueses eram meninos de coro. Não exterminámos povos inteiros como o fizeram os espanhois, nem temos um imperialismo brutal como o inglês , veja os filmes Zulu (com Michael Caine) e The Rising (filme de Bollywood) para ver a dimensão da violência britânica).

Citou os Maias e o Livro Negro da expansão. Pois eu deixo uma outra sugestão. Leia o Tratado dos rios Niger (documento do séc. XVI-XVII), leia a História Geral de Cabo Verde, terá um novo espelho em que se olhar enquanto portuguesa.

Lord of Erewhon disse...

Sinto-me cada vez melhor neste espaço: está cheio de góticos!

«Esqueleto, esqueleto meu...»

Paulo Daniel disse...

Caro Lord of Erewon

Será que me pode explicar o que entende por "gótico"?

É que se calhar não temos a mesma ideia relativamente ao movimento e pode ser que não me sinta muito elogiado por me estar a incluir no grupo...