A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

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sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Paisagem e Pátria III

A política e a economia são resíduos da historia e não fundamentos da pátria.

Die Politik und die Wirtschaft sind Abfälle der Geschichte und keine Grundlagen der Heimat.

As palavras intraduzíveis da pátria se revelam através da gravaçao da paisagem por meio da poesia ou prosa filosófica.

Die unübersetzbaren Worte der Heimat entwickeln sich durch die Aufnahme der Landschaft mittels der Dichtung und der philosophischen Prosa.

„A lingua é uma obra da natureza e do homen“, diz Pascoaes, e nos podemos aumentar esta frase: O homen é uma obra da natureza e da lingua, como tambem a natureza é, como paisagem, a obra da lingua e do homen.

„Die Sprache ist ein Werk der Natur und des Menschen", sagt Pascoaes und wir können diesen Satz erweitern: Der Mensch ist ein Werk der Natur und der Sprache, wie auch die Natur, als Landschaft, ein Werk der Sprache und des Menschen ist.

„A pátria é um ser espiritual", diz Pascoaes, "um ser espiritual a quem devemos sacrificar a nossa vida animal e transitoria“. E a patria é tambem assim um ser individual e universal no mesmo instante, um topos e uma u-topia. Devemos nos sacrificar pela pátria universal que arde na nossa alma e que se localiza num utopico lugar - no lar dos nossos desejos e não no limbo dos nossos pesadelos onde vivemos actualmente...

„Die Heimat ist ein geistiges Wesen", sagt Pascoaes, "ein geistiges Wesen, dem wir unser unser tierisches und vergängliches Wesen opfern müssen. Und die Heimat ist auch so ein individuelles und ein universelles Wesen zugleich, ein Topos und eine U-topie. Wir müssen uns für die universelle Heimat opfern, die in unserer Seele brennt und die sich an einem utopischen Ort befindet - im Heim unserer Wünsche und nicht in der Vorhölle unserer Albträume, wo wir gegenwärtig leben...

Para falar da pátria deveriamos evitar palavras como "sangue" e "raça" e todas as palavras do século XIX e XX, como "progresso" e "superação". Uma nova pátria precisa novas palavras. Palavras desconhecidas para fazer novos descobrimentos. Velas brancas no vento que não vem do norte nem do sul, nem do ocidente e nem do oriente.

Um über die Heimat zu sprechen sollten wir Worte wie "Blut" und "Rasse" und alle Worte des XIX und XX Jahrhunderts wie "Fortschritt" und "Überwindung" vermeiden. Eine neue Heimat braucht neue Worte. Unbekannte Worte um neue Entdeckungen zu machen. Weisse Segel im Wind, der weder aus dem Norden noch dem Süden, weder aus Westen noch dem Osten kommt.

Todo homen, cada individuo, deveria ter o direito de escolher a sua pátria, seja nos trópicos ou no árctico. Pátria: o lugar onde a alma se casa com a paisagem.

Jeder Mensch, jedes Individuum sollte das Recht haben, seine Heimat auszuwählen, sei es in den Tropen oder in der Arktis. Heimat: der Ort wo sich die Seele mit der Landschaft vermählt.

A minha pátria é uma paisagem perdida.

Meine Heimat ist eine verlorene Landschaft.

1 comentário:

Rui Martins disse...

"A política e a economia são resíduos da historia e não fundamentos da pátria."
-> Mas a "Pátria" não pode subsistir sem encontrar assentamento e nutrição nas bases económicas... Os países sem base de sustentação económica, sãoppaíses instáveis e ingovernáveis. Veja-se o caso dos territórios palestinianos e de muitos países africanos e da América Central, por exemplo.
-> Para que o espírito floresça, primeiro têm que estar alimentada a barriga, como dizia o próprio Professor e como muito bem o ilustra a revolução filosófica grega... Possível apenas no primeiro momento da História humana em que houve excedentes bastantes para nutrir uma classe de pensadores e filósofos...

"As palavras intraduzíveis da pátria se revelam através da gravaçao da paisagem por meio da poesia ou prosa filosófica."
-> Paisagem mental, moral ou arquétipa, portanto... Ou seja, a pàtria habitaria mais no reino e domónio do Virtual e do Pensamento do que no mundo concreto... Interessante. Especialmente neste mundo em crescente virtualização e onde as fronteiras físicas cada vez pesam menos...

"„A lingua é uma obra da natureza e do homen“, diz Pascoaes, e nos podemos aumentar esta frase: O homen é uma obra da natureza e da lingua, como tambem a natureza é, como paisagem, a obra da lingua e do homen."
-> A Língua é sem dúvida a melhor cristalização de uma nacionalidade. Aquela forma que molda o pensamento e o sentimento colectivo e... a única razão pela qual o "quinto império" de Pessoa e Vieira é, a prazo, inevitável.

"„A pátria é um ser espiritual", diz Pascoaes, "um ser espiritual a quem devemos sacrificar a nossa vida animal e transitoria“. E a patria é tambem assim um ser individual e universal no mesmo instante, um topos e uma u-topia. Devemos nos sacrificar pela pátria universal que arde na nossa alma e que se localiza num utopico lugar - no lar dos nossos desejos e não no limbo dos nossos pesadelos onde vivemos actualmente..."
-> Nesta interpretação, a própria colectividade, a comunidade das gentes assumiria a própria forma de uma "alma colectiva" (conceito tão jungiano...)
-> O U-topos já existe (paradoxalmente...) é todo o mundo onde se fala português, farol para a demais latinidade e, posteriormente, para formar (reformando) um conceito de Humanidade único, assente nas comunidades locais, livres e autónomas na boa tradição concelhia portuguesa do séc. XI e contra esta globalização neoliberal que se faz tão frequentemente a favor do interesse de muito poucos contra... tantas maiorias.
-> Excelente texto, em suma!