A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Na NOVA ÁGUIA 31: sobre Cesária Évora...

 

CESÁRIA ÉVORA E A MÚSICA COMO DESVELAMENTO DOS SEGREDOS DA ALMA

Elter Manuel Carlos

Este estudo, uma abordagem filosófica e estética acerca do legado musical de Cesária Évora, surge na esteira daquilo que entendemos ser a celebração da vida pela música, um gesto tão caro à cultura cabo-verdiana que, exibe-nos a sua história, tem na música um dos originários espaços de manifestação do Ser do homem cabo-verdiano. Ainda que não pertencemos à área da musicologia, é possível sempre instalar uma leitura-outra, complementar às já existentes, respeitando sempre os limites da interpretação, como nos incita Umberto Eco no seu livro com esse título.

Desde infância escutamos a voz da Cesária Évora nas rádios cabo-verdianas e tivemos a prerrogativa de assistir ao vivo um concerto da cantora no grande festival de música Baia das Gatas, na sua ilha natal, São Vicente. Foi deveras um autêntico fenómeno vivo que deixou marcas profundas na nossa sensibilidade estética, o que fora natural no contexto de um devaneio total vivido por centenas de espectadores sedentos da Beleza da sua Voz e do virtuosismo de grandes músicos e instrumentistas que sempre a acompanhara.

A doçura da voz dessa magnífica cantora, não só no meu caso mas no de todos os cabo-verdianos da minha e de outras gerações, foi (e está sendo) uma presença real (expressão de Georg Steiner) na vida de todos nós. Por isso, dedicar-lhe este ensaio é outrossim fazer jus a celebração da música como desvelamento dos segredos do Ser de um Povo histórico. Cesária Évora fez, e está fazendo, história. Permitiu-nos Ser em devir e em abertura de sentido, num amplo movimento relacional entre cultura, mundo, signo e significado.

Autora de uma obra de alto valor artístico e nome invulgar na tradição da música cabo-verdiana, sem olvidar os amplos reflexos na cultura musical mundial, Cesária Évora encarna uma Voz que escolheu Cabo Verde como lugar onto-antropológico de seu fazer poiético e transcendental. Da sua identidade cultural à alteridade das várias geografias musicais e palcos do mundo por ela frequentados, vividos e experimentados em plenitude, a cantora colocou a sua Voz a serviço do desvelamento dos segredos da alma humana à procura de forma. Parece que a cantora foi escolhida pelo dom dos deuses para louvar a cultura e o Povo cabo-verdianos ao seu mais alto nível de expressão, comunicação e elevação espiritual.

(excerto)