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Manuel Ferreira Patrício
Universidade de Évora/Academia das Ciências
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A verdade histórica impõe que se relacione objectivamente A Águia com a República. A República foi implantada em Portugal em 5 de Outubro de 1910. Foi implantada revolucionariamente. Os monárquicos portugueses ainda hoje lembram esse facto, falando por vezes na realização de um referendo nacional, para que o povo finalmente se pronuncie sobre a opção entre a instituição monárquica e o regime republicano. Foi meu colega na Universidade de Évora o Professor António Fialho Pinto, alentejano de Moura e monárquico consciente e fiel. Quando um dia falávamos do 5 de Outubro, chamou-me ele subtilmente a atenção para o facto de a oposição não ser entre o regime monárquico e o regime republicano, mas entre a instituição monárquica e o regime republicano. A monarquia – asseverou-me peremptoriamente – não foi um regime, mas uma instituição. O que então foi derrubado em 5 de Outubro de 1910 não foi o regime monárquico, mas a instituição monárquica. A seu ver, foi esta que o acto revolucionário liquidou, ocupando o seu lugar com o regime republicano. Os revolucionários do 31 de Janeiro fariam a distinção? Aceitá-la-iam? Entre eles esteve Sampaio Bruno, que era um sábio, e outros de alta valia intelectual e cívica. Mas tem persistido a interrogação: que argumentos podem os republicanos apresentar para legitimar a República através do acto revolucionário, aliás precedido do regicídio, na pessoa de Dom Carlos I? Não sei responder com segurança e conhecimento de causa. Mas vejo alguma incompatibilidade entre o princípio democrático republicano e a implantação da República por via revolucionária, com a esmagadora maioria do povo português alheado do processo político em curso.
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A Águia apareceu no dia 1º de Dezembro de 1910. Não é uma data qualquer. Foi, evidentemente, escolhida a dedo. Se o 1º de Dezembro de 1640 representa a restauração da independência, o 1º de Dezembro de 1910 era um outro 1º de Dezembro restaurador. Como a criação da “Renascença Portuguesa”, em 1912, veio a tornar claro, o que estava agora em causa era a renascença de Portugal. A Águia aparece iniludivelmente alinhada com a República. Ao lado, ou logo atrás, estão republicanos como Junqueiro, Bruno, Basílio Teles, entre outros. Como depressa se compreenderá, o problema que se coloca a estes homens não é o da implantação revolucionária da República, mas o da natureza da República, o da alma da República. A interrogação decisiva, para estes homens, é: que República? De profunda importância simbólica foi, desde logo, o problema da escolha da bandeira. Junqueiro bateu-se pela continuidade do azul e branco da bandeira da monarquia portuguesa. Ficou a bandeira híbrida do vermelho/verde. Parece-me que Portugal ficou híbrido desde então. Somos sempre uma coisa e o seu contrário. A esta hibridez damos hoje o nome de consenso. Nunca mais tivemos a coragem de ser, de ser o que somos, de ser quem somos. Falei de Junqueiro, a propósito da bandeira. Falarei agora de Sampaio Bruno, a propósito da República. Voz de um amplo coro qualificado de ilustres republicanos, ele escreverá, ele dirá: “Esta não é a República que nós sonhámos.” “Nós.” “Nós”, quem? - perguntamos. Uma coisa tenho por certa: A Águia surgiu para defender e promover uma República que, até hoje, não existiu um dia sequer. A República sonhada pel'A Águia, sonhada pelas figuras fundamentais d'A Águia, está totalmente por cumprir, sequer por iniciar. A chamada “dissidência” de António Sérgio e Raul Proença, relativamente ao manifesto constituinte da “Renascença Portuguesa”, tinha subjacente esta questão: Pascoaes visionava uma República, Sérgio e Proença outra. O desenrolar dos acontecimentos e a evolução ideológica dos protagonistas acabaram por evidenciar que Sérgio e Proença não sonhavam com a mesma República. Soam deste modo a proféticas as palavras solenes de Sampaio Bruno.
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N'A Águia marcou presença Fernando Pessoa. Saiu cedo. Não curarei aqui dos motivos e razões. O seu projecto vai ser Orpheu. Ora Orpheu não surgiu com o intuito, ou programa, cívico e político que lubrificava as asas d'A Águia, mas com um intuito, ou programa, estético. Apesar da sua curta vida, cerce pelo próprio cortada na raiz, Mário de Sá-Carneiro viveu o suficiente para deixar claro que abominava o Portugal dos lepidópteros, que era o Portugal que para ele havia. Pessoa, esteticamente irmão gémeo de Sá-Carneiro, revelou-se na vida que continuou bem diferente nos planos sociológico e político, como o conjunto da sua imensa e impressionantemente multímoda obra veio a mostrar. Mensagem é talvez a expressão irrefutável disso, que é um facto. Quem imaginaria Mário de Sá-Carneiro a conceber qualquer ideia que fizesse pensar no Quinto Império, de Vieira? Quem imaginaria Mário de Sá-Carneiro a escrever a ode “À memória do Presidente-Rei Sidónio Pais”? Ou a falar da Pátria como Pessoa falou, identificando-a com a língua portuguesa? Ou escrevendo aquela extraordinária “Elegia na sombra”, já no seu troço final, espécie de requiem pelo Portugal que amava? Ou, coisa ainda mais impensável, escrevendo aquele texto de qualquer modo extraordinário Defesa e Justificação da Ditadura Militar em Portugal?
Em Orpheu há ainda aquela figura imensa que foi José de Almada Negreiros, patriota como Pessoa o foi. Pelos vistos não republicano, como Pessoa o não foi também. A revista Sudoeste é ainda hoje um manancial de textos profundos, riquíssimos, sobre a essência, a existência e eventualmente o projecto de um Portugal que o fosse, ou o seja, ou o venha a ser.
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Pessoa identificou-se com A Águia que voava. Entendeu que, a certa altura e por qualquer motivo, A Águia deixou de voar. Águia que o seja nasceu para voar. Que terá acontecido a A Águia? Ficou presa ao chão? Caiu por debilitação interna? Algum caçador lhe deu um tiro certeiro? Perdeu, na psique, o sonho que alimentava o seu voo? Caçadores inimigos teve muitos, ao longo da I República e daquele equívoco republicano que foi o Estado Novo. Amigos também os teve e lutadores estrénuos vieram a revelar-se eles. Na primeira linha do combate os discípulos de Leonardo Coimbra: Álvaro Ribeiro, Delfim Santos, José Marinho – da primeira geração; Orlando Vitorino, António Quadros, António Telmo, Afonso Botelho, António Braz Teixeira, Pinharanda Gomes, Paulo Borges, Renato Epifânio – das gerações seguintes -, entre outros. Até hoje. Se Fernando Pessoa alguma vez teve razão ao sugerir que A Águia deixou de voar, aí vemos hoje a Nova Águia a voar com beleza e energia por sobre Portugal inteiro, e não apenas sobre Portugal mas por sobre todo “o mundo que o português criou” - como nos ensinou Gilberto Freire – e hoje sonhamos ver a fortalecer-se e afirmar-se no planeta como é vocação e oxalá destino da CPLP.
Se há ainda um sentido para A Águia e, portanto, um destino para a Nova Águia, é na língua portuguesa que lateja o mais fundo dos nossos anseios, potencialidades e possibilidades. A comunidade dos que a falam e escrevem é o ovo mágico dos que aspiram ainda a viver no seio da sua Comunidade Pátria. Por mim, ou damos a esse ovo todo o nosso calor genesíaco, ou já deixámos de merecer existir.
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Extraordinário poema esse que se intitula “Elegia na sombra” (1). Parece não haver nele, no seu todo, a mais ténue luzinha de esperança. Também parece não haver propriamente desespero. Há a serenidade gélida de quem, já morto, olha e só encontra para onde olha a treva expessa da morte e do nada.
A elegia é à Pátria, a Portugal, a nós. O poeta olha precisamente para nós. E que vê? Ele o diz: “Lenta, a raça esmorece, e a alegria/ É como uma memória de outrem.” A morte já ali está: “Passa / Um vento frio na nossa nostalgia / E a nostalgia touca a desgraça!” Este poema foi escrito em 2 de Junho de 1935. Restavam de vida terrena a Fernando Pessoa seis meses menos um dia. O poeta veio a falecer no dia 30 de Novembro desse ano, um dia antes do 1º de Dezembro, um 1º de Dezembro que ele já não quis viver. Para cumprir essa sua trágica vontade bebeu a gota de vinho-veneno que já não podia beber, e ele o sabia. Mas bebeu-a. E morreu. Já não fazia sentido viver o 1º de Dezembro. A agonia da desesperança, quiçá do desespero, do sentimento vívido e vivido do nada, tomara por completo conta de si.
Atravessa-me o espírito a suspeita de que aquele dia 2 de Junho de 1935 é hoje, 2 de Fevereiro de 2010. Ouçamos o poeta, ouçamos o poeta neste dia. Ele escreveu o poema hoje: “Pesa em nós o passado e o futuro. / Dorme em nós o presente. E a sonhar / A alma encontra sempre o mesmo muro, / E encontra o mesmo muro ao despertar.” É a angústia trágica que pergunta: “Quem nos matou a alma? Que bruxedo / De que magia incógnita e suprema / nos enche as almas de dolência e medo / Nesta hora inútil, apagada e extrema?” Essa hora, 2 de Junho de 1935, é esta hora, 2 de Fevereiro de 2010.
A tristeza de Pessoa que passa na “Elegia” faz-nos estremecer a alma toda . É ainda o vivo que já se vê morto estendido no areal, que já se chora porque expropriado de futuro, ele que foi um passado brilhante: “Oh, que há-de ser de nós? Raça que foi / Como que um novo sol ocidental / que houve por tipo o aventureiro e o herói / E outrora teve nome Portugal...”. Outrora!... Raça que foi, que já não é. Que só é ainda para carpir a sua própria morte, que só existe ainda para entoar a canção fúnebre da sua inexistência. Mais do que morremos, já não temos nome. Tivemo-lo outrora.
Mas no mais fundo da alma do poeta-vate o vago verde da esperança ainda assoma à tona dessa inexistência, a esperança messiânica ganha voz: “Ó incerta manhã de nevoeiro / Em que o Rei morto vivo tornará / Ao povo ignóbil e o fará inteiro”. A alma do poeta balança. Ele crê, ele descrê. Ele espera, ele desespera. O desespero tem a última palavra. O Desejado, o que há-de vir, não virá: “Dorme, mãe Pátria, nula e postergada, / E, se um sonho de esperança te surgir, / Não creias nele, porque tudo é nada, / E nunca vem aquilo que há-de vir”. A nossa hora passou. À Pátria, diz o poeta: “Dorme, que a tarde é finda e a noite vem.” Esta é “a tarde de nós mesmos, baça e fria”, “tarde monótona e serena” como aquela “em que ao morrer o imperador romano / Disse: Fui tudo, nada vale a pena.” Longe vão os dias em que o poeta escreveu, com letras todas de luz e certeza de si e da Pátria: “Tudo vale a pena, / Se a alma não é pequena”. O Mar Portuguez afundou-se em niilismo. A alma foi pequena. Nem sequer somos nada: “Povo sem nexo, raça sem suporte / Que, agitada, indecisa, nem repare / Em que é raça, e que aguarda a própria morte / Como a um comboio expresso que aqui pare.” Não somos nada, já não temos nada: “Nada. Nem fé nem lei, nem mar nem porto. / Só a prolixa estagnação das mágoas, / Como nas tardes baças, no mar morto, / A dolorosa solidão das águas.”
Por muito que nos custe, este é o testamento patriótico de Fernando Pessoa. Em tudo me parece semelhante ao brado final de Luís de Camões: “Ao menos morro co'a Pátria”. E morreu. Na véspera do primeiro de Dezembro.
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Pode parecer que o futurismo de José de Almada Negreiros é absolutamente incompatível com o saudosismo de Teixeira de Pascoaes. Nós, os que desde a juventude lemos os dois, que desde essa idade áurea da vida bebemos nos dois, e mais em Pessoa e outros, que desde o meio do séc.XX amamos os dois, não vemos nem sentimos qualquer incompatibilidade. Entre o malmequer branco e o malmequer amarelo não existe incompatibilidade, mas apenas diferença na cor do malmequer.
Almada Negreiros também não viu incompatibilidade. Ele amou Pascoaes ao ponto de ser um dos romeiros a Amarante. Já vi dele fotografias com a saudosa Zezinha Teixeira de Vasconcelos, sobrinha, afilhada e secretária do vate amarantino instalado em Gatão. Romagem do futurismo ao saudosismo. Gostam de se visitar um ao outro. O futurismo ao saudosismo, o saudosismo ao futurismo. O pensamento-sentimento de Pascoaes, Pessoa e Almada é pendular. Oscila entre a saudade de ontem e a saudade de amanhã. Já escrevi para a Nova Águia que esse pensamento vive saudosamente o próprio hoje. Temos saudades de tudo: do passado longínquo, do futuro que nem sequer sabemos se haverá, do instante presente que está a chegar e afinal já partiu, já passou. Assim, vejo no saudosismo e no futurismo as duas metades gémeas de uma mesma e única face. Somos assim, nós os portugueses. Foram assim Pascoaes, Pessoa e Almada. E é por isso que a esperança renasce sempre, interminavelmente, infindavelmente. Síntese desta candente tensão, desta no fim de contas superabundante contradição, é a figura exemplar de Agostinho da Silva, que mais do que todos foi tudo. Ele percebeu que na própria Seara Nova tinha o seu ninho a saudade. Aqui mais do futuro, mas acolhendo no seu aconchego um Jaime Cortesão, misterioso dissidente d'A Águia, da amizade matinal com Leonardo Coimbra, etc. Se é verdade que somos um povo messiânico, porque não haveria de ser assim, porque não teria que ser assim?!...
É precisamente em Amarante que nasce aquele homem que Almada considerou ser a primeira descoberta de Portugal na Europa do século XX: Amadeo de Sousa Cardoso. Está escrito no Manifesto da Exposição de Amadeo de Sousa Cardoso e tem data de 13 de Dezembro de 1916.(2)
Como uma trompete a jorrar a água dos seus sons numa manhã luminosa de Abril, no cume do Marão, Almada fala assim: “[...]Amadeo de Sousa Cardoso pertence à Guarda Avançada na maior das lutas que é o Pensamento Universal.” Em 1937, vinte e um anos depois, escreveu e publicou Pascoaes a sua notabilíssima obra O Homem Universal (3). Pessoa falou, entretanto, na Mensagem, do que nos resta: “o mar universal e a saudade”. Que é muito, vendo bem. É tudo muito. A mão que escreve as letras do texto do manifesto da exposição de Amadeo de Sousa Cardoso é a do futurista José de Almada Negreiros. Lá podemos ler: “Nós, os futuristas, não sabemos história, só conhecemos da Vida que passa por Nós. Eles têm a Cultura. Nós temos a experiência – e não trocamos!” Este discurso, como já vamos ver, está do lado do pêndulo oposto ao saudosismo do passado ou ao niilismo trágico de Pessoa, que procurámos mostrar; está do lado do pêndulo onde palpita a saudade do futuro, que é a morada do futurismo de Almada e de todo o messianismo português. Almada pode então escrever: “Amadeo de Sousa Cardoso é a primeira descoberta de Portugal na Europa no século XX.“ Com o fulgor verbal que caracterizava o poder criador do seu espírito, Almada fala ainda mais claro: “[...] a Descoberta do Caminho Marítimo para a Índia é menos importante que a Exposição de Amadeo de Sousa Cardoso na Liga Naval de Lisboa.“
Outros Amadeus havia em Portugal, e outros veio a haver ao longo do século XX: Pascoes, Pessoa, Leonardo Coimbra, José Régio, Mário Cesariny de Vasconcelos, Álvaro Ribeiro, José Marinho, Delfim Santos, Herberto Helder, Helena Vieira da Silva, Fernando Lopes Graça, Maria João Pires... E outros... Não é preciso nomeá-los. O que é preciso é fazer o que eles fizeram: criar espiritualmente. No ponto mais crítico do seu niilismo, do seu desespero e pessimismo, como procurámos pôr à vista na passagem que fizemos pela “Elegia na sombra”, precisamente aí, Fernando Pessoa criava beleza fulgurante. Fazia o oposto do que a pena punha no papel.
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Deste ponto de vista, Portugal não está morto nem se anuncia o seu falecimento. Deste ponto de vista, os últimos 100 anos foram de enriquecimento para a Pátria que conta. A outra, a das contas, continuará a ser o desastre que sempre foi. Mas lá vem Pessoa em nosso socorro: “Dos Lloyd Georges da Babilónia / Não reza a história nada”. Não rezará. Mas rezará dos Criadores do Espírito, dos Cavaleiros do Espírito. E esses até costumam medrar nas horas de crise dos outros. Esta hora é sua. Esta hora é nossa. E aqui, no Reino que é o nosso, tudo vale a pena.
NOTAS
(1) Fernando Pessoa, Obra Poética e em Prosa, Introduções, organização biobibliográfica e notas de António Quadros e Dalila Pereira da Costa, Volume I, Poesia, Porto, Lello & Irmão-Editores, 1986, pp.1187-1192.
(2) Almada Negreiros, Obra Completa em um volume, Rio de Janeiro, Editora Nova Aguilar S.A., 1997, pp.646-647.
(3) Teixeira de Pascoaes, O Homem Universal, Lisboa, Edições Europa, 1937.
(4) Fernando Pessoa, Obra Poética e em Prosa, ed.cit., “Gazetilha”, pp.977-978.
A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
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