A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Texto que nos chegou...

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EXPULSÃO DOS JESUÍTAS:
UM TERRAMOTO E UMA OPORTUNIDADE DE RENOVAÇÃO

Há duzentos e cinquenta anos o então Conde de Oeiras, e futuro Marquês de Pombal, extinguia, prendia e expulsava, no dia 3 de Setembro de 1759, os Padres da Companhia de Jesus de Portugal e de todos os seus territórios ultramarinos.
Foi um acontecimento doloroso e mesmo dramático a somar a um outro acontecimento trágico que Portugal tinha experimentado 4 anos antes naquela mesma década: o Terramoto de Lisboa de 1755.
Sendo a expulsão dos Jesuítas ainda hoje um caso controverso em termos de explicação por parte das diferentes correntes de leitura do nosso passado, é verdade que alguns autores comparam-na a um terramoto cultural de que o cismo e o tsunami que assolou a capital do Reino no dia 1 de Novembro foram metáfora.
Há um certo consenso em considerar que razões de Estado e de natureza ideológica e política estiveram na base da decisão ditada pelo Ministro de D. José I para erradicar do país a mais importante Ordem missionária, educativa, cultural que muito tinha realizado em favor da Igreja e da construção do império portugueses em termos religiosos e civilizacionais.
Entre outras, havia razões de fundo que se revelaram decisivas: a oposição dos missionários jesuítas das missões da América Latina em aceitar a aplicação do Tratado de Madrid, ou também chamado dos Limites das fronteiras do Brasil e das colónias de Espanha, celebrado em 1950 entre a Corte Espanhola e Portuguesa. Este tratado mexia fortemente na geografia das aldeias ou reduções missionárias da Companhia de Jesus e implicava a deslocação de populações índias de um lado para o outro da nova fronteira estabelecida pelas monarquias ibéricas. Os Jesuítas entendiam ser essa medida impraticável, pois, além de dificuldades logísticas evidentes, tocava na identidade fundamental dos índios umbilicalmente ligada à terra onde tinham edificado as suas aldeias. O Marquês de Pombal não aceitou a resistência dos Índios e dos Jesuítas e viu nisso uma grave afronta ao poder do Estado considerado absoluto e indiscutível.
Uma afronta também considerou este poderoso Ministro de D. José I a crítica e a resistência dos Jesuítas e de outros sectores da sociedade portuguesa a várias reformas que empreendeu. Os Jesuítas criticaram em especial a criação de algumas companhias de comércio monopolistas em relação ao Brasil e ao Vinho do Porto que tiravam dos pequenos e médios comerciantes a participação nessas actividades comerciais agora concentradas nas mãos de um grupo homens ricos e poderosos da alta burguesia. Pombal tentava reformar os sectores económicos à luz dos modelos mercantilistas, nomeadamente ingleses e holandeses, assentes em grandes empresas monopolistas que detinham nas mãos de poucos o controlo e o fomento de áreas produtivas e comerciais consideradas estratégicas.
Vários Padres da Companhia de Jesus discordaram ainda publicamente das políticas de Pombal em relação às missões e à Igreja. Professando a ideologia do chamado Absolutismo Iluminado ou Despotismo Iluminado, Dom José I e o seu Ministro defendiam um Estado forte e um poder centralizado nas mãos dos que governavam em nome do Rei. Tudo deveria depender e submeter-se às directivas reais para bem da nação, sem que alguém pudesse ou tivesse direito a discordar ou opor-se a medidas que fossem consideradas menos justas e adequadas.
Esta doutrina política que formou, a nível internacional, grandes figuras poderosas como Richelieu em França, defendia a submissão da Igreja, no que à gestão e às coisas temporais dizia respeito, ao poder do Estado. Neste particular, a política religiosa levada a cabo pelo Marquês de Pombal chamava-se regalismo. Segundo os políticos regalista o Estado deveria submeter a Igreja ao seu poder e poderia imiscuir-se no governo da Igreja, administrando territórios missionários, nomeando bispos e párocos, ordenando reformas de ordens religiosas e até julgando conflitos.
Alguns pregadores da Companhia de Jesus como o Padre Gabriel Malagrida ousaram criticar esta política de intromissão excessiva na vida da Igreja, pondo em causa regalias conquistadas em favor da actividade missionária e da educação das gentes. O padre Malagrida foi um dos casos emblemáticos que pagou com a vida a sua ousadia crítica, tendo sido queimado em 1761 no Rossio com mais 50 intelectuais e hereses, e outros opositores ao regime que incomodavam Pombal ou eram considerados prejudiciais para harmonia social do país.
Os Jesuítas possuíam em Portugal à data da sua expulsão mais de trinta colégios e escolas e uma universidade sediada em Évora, assim como uma importante escola de ensino científico em Lisboa, a chamada Aula da Esfera no Colégio de Santo Antão Lisboa dotado de um Observatório Astronómico. Educação e Missionação, Formação Espiritual eram três pilares importantes da acção multifacetada dos Jesuítas que foi extinta num ápice em 1759. Só mais de um século depois é que Portugal conseguiu recuperar os níveis de escolaridade proporcionados pela rede de colégios existente em Portugal e que foi aniquilada com a proibição do ensino dos Jesuítas.
Foi um terramoto para a Companhia de Jesus e para a cultura católica em Portugal e no mundo, onde os jesuítas tinham um extraordinário raio de acção a que seria posto termo, a nível mundial, em 1773 pelo Papa sob pressão do Marquês de Pombal e de outros governos europeus, particularmente da Espanha e da França.
A Companhia de Jesus acabou por ser restaurada pelo Papa Pio VII em 1814 na Igreja Universal depois de ter sido extinta pelo Papa Clemente XIV em 1773.
As primeiras duas restaurações em Portugal acontecidas em 1828 e em 1858 foram sucedidas por duas expulsão, uma em 1834 e outra em 1910. Os Jesuítas constituem uma ordem forte que, apesar das sucessivas expulsões e ataques políticos de todo o tipo, têm sabido reerguer-se pela força do Espírito com uma vitalidade renovada.
Assim aconteceu novamente a partir da década de 20 do século passado depois do seu exílio por força da expulsão republicana. Hoje os Jesuítas são uma das ordens mais empreendedoras, mais numerosas e mais influentes na Igreja e na cultura portuguesas.
Do seu espírito modelado pelo exemplo e doutrina do seu fundador, Santo Inácio de Loyola, consubstanciado no célebre manual de crescimento espiritual chamado Exercícios Espirituais muitos vão beber. A espiritualidade inaciana ainda continua a ser um caminho muito procurado no plano da educação humana e interior.

José Eduardo Franco