A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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segunda-feira, 17 de novembro de 2008

EM PROL DO DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA SOLIDÁRIA

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"É a Hora!"
("Manifesto" da Revista Nova Águia)

É a hora. E já estamos atrasados.

Tive a feliz oportunidade de presenciar a palestra "A Europa na presente conjuntura internacional", proferida pelo ilustre Embaixador de Portugal no Brasil, Dr. Francisco Seixas da Costa, na Universidade Federal de Santa Catarina (13/11/2008).

Ocasião que foi precedida pela entrega, a um brasileiro, João Eduardo Pinto Basto Lupi, das insígnias de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, nomeando-o Cônsul Honorário de Portugal em Florianópolis. Esse ato do Governo de Portugal consagra o estreitamento de laços entre povos lusófonos, residentes em territórios distantes, a demonstrar o desejo uníssono dos povos lusófonos e seus governantes.

O Ilustre Embaixador, em panorâmica atual e restrospectiva, transmitiu-nos as problemáticas vivenciadas em solo europeu, as preocupações com a crise econômica mundial e com a sucessão presidencial nos Estados Unidos, o choque étnico resultante do grande fluxo imigratório a colocarem aos europeus frente a realidades sócio-cultural e econômicas que até então não haviam experienciado.

Retratou a formação da União Européia como fruto do medo do bloco soviético em suas fronteiras e do avanço norte-americano no cenário mundial. Asseverou a necessidade européia de se manter alinhada com os Estados Unidos, sendo porém o diálogo com ele muito dificultoso por divergências intrínsecas de posturas e da forma norte-americana de conduzir as ações.

Do lado de cá do oceano, vislumbramos que Portugal vive hoje no olho do furacão. Habita um pequeno território, vendo-se obrigado a unir-se com vizinhos de culturas e idiomas diversos, temendo a morte da língua portuguesa e o engolimento de sua cultura e de seu povo pela draga da globalização. Parafraseando o embaixador português, o sentimento de medo se aflora à pele lusitana.

Em solo brasileiro, atravessamos a mesma convulsão internacional, mas vivenciando uma realidade bem distinta.

Por mais incrível que se nos apresente, a economia brasileira se demonstra estável, apesar dos estremecimentos externos. E não faz muito tempo, na década de 1980, o Brasil convivia com uma inflação na marca de 80% ao mês, e com salário-mínimo que representava uma remuneração meramente simbólica, com parcela considerável da população recebendo menos que o piso mínimo. Hoje, nossa realidade interna é outra.

Multidiversidade cultural: O gigantesco território brasileiro abriga centenas de brasis, com culturas muito diversas, problemáticas e realidades sócio-econômicas radicalmente distintas.

Fluxo imigratório: imigração é a história de formação do povo brasileiro. Recebemos nessa infância de 500 anos, portugueses, espanhóis, alemães, russos, iugoslavos, árabes, judeus, japoneses, coreanos, austríacos, tiroleses, italianos, franceses, latino-americanos, africanos, chineses, etc, etc. Todos têm aqui núcleos para cultivo de suas culturas de origem, com total liberdade de expressões e de culto religioso.

Até mesmo o governo promove as culturas estrangeiras, como recentemente o centenário da imigração japonesa foi comemorando oficialmente nas mais diversas regiões do Brasil, compartilhando com todos os brasileiros a arte, música, teatro, história, culinária desse povo asiático.

Em Blumenau (Santa Catarina, sul do Brasil), tem outubro no calendário a festa das expressões da cultura alemã, que recebe anualmente nessa época visitas de brasileiros de várias regiões, até mesmo daqueles que não têm nenhuma identidade de sangue nem traços culturais com os alemães.

Em solo brasileiro a cultura é compartilhada, judeus e muçulmanos vivem em paz e se abraçam. Durante as guerras em seus países de origem, choraram juntos e oraram juntos em cultos ecumênicos.

Qual seria a receita alquímica brasileira? Talvez repouse no fato de que a convivência com culturas distintas no mesmo espaço não nos instigue o ódio, mas sim um bom motivo para festejarmos e aprendermos com o outro algo novo para crescermos juntos. A miscigenação nunca foi um problema para o brasileiro que traz no sangue e no rosto várias cores, e também se orgulha de ser brasileiro.

Crise econômica? O europeu não sabe e nem saberá o que é inflação de acima de 80% ao mês.

Imperialismo norte-americano? Estados Unidos já atingiu seu apogeu e inicia sua queda, como ocorreu com todos os Estados imperialistas da história.

Choque étnico e fluxo imigratório? Correntes imigratórias sempre ocorreram ao longo da história. A "invasão" moura na Península Ibérica incorporou-se na genética, história e cultura de Portugal e Espanha, sem aniquilar suas tradições.

A força e a sabedoria estão em sabermos reverter em proveito positivo as diferenças e as crises.

Caros irmãos portugueses, abriguem-se no coração de vosso filho Brasil, não dêem guarida a esse ilusório "medo" e ensinem aos europeus como se alcança a Fraternidade na construção das pilastras da Igualdade e da Liberdade!

"É a hora". Precisamos despertar a consciência solidária em todos os povos, em todos os solos.

Esse processo só se inicia a partir do profundo respeito à pessoa do outro, promovendo-se a inclusão de todos os segmentos de uma sociedade, e a inclusão de todas as sociedades, permitindo-se a todos, indistintamente, o exercício de seu desejo de pertencimento.

Esta não é uma tarefa que devamos aguardar a iniciativa dos Estados. O tempo urge. Os conflitos se multiplicam pelo mundo. Já estamos atrasados. A tarefa é de todos nós civis a promovermos a solidariedade e a apontarmos o norte de que o sonho da paz e da harmonia é possível, colecionando-se exemplos de sucesso de experiências fraternas.

Estou certa que essa boa nova será anunciada ao mundo em idioma português, pelas razões históricas dos povos lusofalantes que reúnem condições para emergência da consciência solidária.

Silmara Pezzoni Annunciato
Santa Catarina, Brasil

7 comentários:

Ariana Lusitana disse...

"Caros irmãos portugueses, abriguem-se no coração de vosso filho Brasil, não dêem guarida a esse ilusório "medo" e ensinem aos europeus como se alcança a Fraternidade na construção das pilastras da Igualdade e da Liberdade!" (sic)

Resposta desta "irmã portuguesa": NÃO.

Haveria mais mas decidi perder menos tempo comcoisas ridículas, num blogue onde nem sou bem vinda nem se aceita quem pensa Portugal de outro modo.

Silmara Pezzoni Annunciato disse...

Cara irmã portuguesa Ariana,
Mui grata pelo seu comentário.
A arte da convivência, arde, dói e inflama até as entranhas.
Tal como uma arte, precisamos extrair dela a beleza, a harmonia de cada elemento contrastante, na composição do todo: a obra.
Nunca vi uma tela pintada com uma única cor e sem semi-tons de uma mesma cor para contrastar, pois não seria uma arte, seria um borrão.
A maestria está na composição de todas as cores que temos à disposição em nossa aquarela.
Fique bem.
Abraços poéticos do além-mar!
Silmara

coalvorecer disse...

Cara irmã Silmara,

Belíssima a sua resposta à irmã Ariana. A imagem da arte e da obra, da tela e das cores, como pontenciadora de possibilidades mais "completas"...
Obrigada por tão bela poesia de vida. Sim, a vida é bela, basta abrir o coração, aceitar a diversidade, querer, amar.

Acerca do seu texto:

A miscigenação é uma bênção que corre no sangue português desde a fundação da nossa nação. A colonização portuguesa caracterizou-se, entre outras particularidades, pela capacidade de se “misturar” com os povos com quem se ia encontrando. Poder-se-á questionar se essa capacidade não seria antes a necessidade de ocupação de território, considerando o número da população portuguesa da época. Sim, esse foi um dos motivos, mas não creio ter sido o mais relevante. Basta comparar com alguma atenção e sem pré-conceitos a colonização portuguesa com a colonização inglesa; o modo de ser português e inglês. As diferenças são notórias e esclarecedoras.

Assim, quando refere a miscigenação no Brasil, compreendo-a perfeitamente. Quando fala do orgulho de ser feita dessa “massa” de cores que é o brasileiro, sinto idêntico orgulho. Estou, no essencial, de acordo com o que escreve.

Estou certa de que uma nova era está a iniciar-se, a era do ser “lusófono”, fraterno, mais preocupado com o ser do que com o ter. O Brasil tem, aqui, um papel essencial. Tem o seu país enviado sinais e tomado iniciativas bem claras nesse sentido: recordo o apoio a Timor, a ligação a Cabo Verde, as boas relações com Portugal, etc…

O mundo precisa dessa “consciência solidária”. Os “Lusofalantes” reúnem, como tão bem o refere, a condição necessária para espalhar tal consciência.

E haverá satisfação maior para um “pai” do que ver que o seu filho apreendeu o essencial da razão de ser e tomou para si a tarefa de a concretizar?

A beleza deste mundo “lusófono” está na possibilidade de um mundo mais fraterno, solidário, colorido. Mais de “SER” do que “TER”.Mais humanizado, menos materializado. Que a ciência, a economia, a industria, sejam o que são de facto: instrumentos para servir a vida do homem, e não o contrario.

Sim, É HORA!

Saudações coloridas,

Coalvorecer

coalvorecer disse...

Cara Ariana Lusitana,

No que me diz respeito é bem vinda neste blogue.

Todos os pontos de vista são necessários, pois que existem!
O diálogo não teria sentido sem o contraditório. Da discussão nasce a luz.
Ouvir, opinar, aceitar, discordar... creio ser um bom caminho na evolução de algo melhor. (:

Saudações lusófonas (a minha pátria é a minha língua),
Coalvorecer

Paulo Borges disse...

Cara Silmara, assim seja, desde que não pensemos esta tarefa como exclusiva de portugueses, brasileiros ou lusófonos em geral! Não reclamemos para nós o exclusivo da não exclusão, pois muitos povos e indivíduos em todo o mundo conspiram para esta nova consciência planetária!

Saudações!

Ariana Lusitana disse...

Não tenho irmãs. E se tivesse dificilmente seriam tontas, teriam tido a mesma educação que eu e familiares mortos em combate a defender Portugal. O vosso ridículo é sem limites, vão para um convento e façam voto de silêncio.

Silmara Pezzoni Annunciato disse...

Caro Paulo,
Muito bem colocado por você. Agora relendo, realmente o meu texto deu margem a dupla interpretação.
A história já nos demonstrou com o nazismo que a exaltação de um povo e uma raça nos leva a distorções nefastas.

O que eu pretendia dizer é que nós lusófonos, pelas nossas raízes históricas, já vivenciamos a miscigenação e a igualdade, sendo muito mais fácil a emersão de nós novas propostas que promovam a paz e a união dos povos. E com isso devemos ajudar os povos que vivem em conflitos raciais, religiosos, e de conflitos de todas as ordens.

Querida Coalvorecer,
Lindíssimas e emocionantes suas palavras. O carinho transborda de suas letras.

Falaste tudo: "mais preocupado com o ser do que com o ter". Está ai a essência de tudo o mais.


Aproveito a oportunidade para agradecer a carinhosa acolhida que recebi neste blog, e pela oportunidade de poder compartilhar com vocês alguns pensamentos que me borbulham a mente.

Paulo, o trabalho que vocês estão empreendendo com o MIL e a Nova Águia tem um valor imensurável.

O nome escolhido "Nova Águia" a mim cala fundo. Como poeta, a águia sempre a tive como uma das maiores riquezas poéticas: é a rainha do ar que alça altos vôos; "olhos de águia" são aqueles que olhos que, da mais alta altura, conseguem ver um ponto no chão e se arremessarem sobre ele em vôo certeiro.

E se me permitirem, vou encerrar com alguns oportunos versos meus, que melhor traduzem a dimensão do que pretendo dizer.

Somos águia,
somos seres alados.

SERES ALADOS

Sopra, sopra o vento em ritmo de brisa e contentamento.
Leva, leva a não voltar mais o que chamo de tormento.
Chovem penas de poetas embaladas nesse vento,
chama, chama em chama a nossa Guria,
Voa alto, rodopia e alto voa a Poesia.

Cantam o canto de encanto num só pranto
Plantam, replantam um canto de recanto
colhem, recolhem o pranto deste canto.

Silmara Pezzoni Annunciato
Ilha de Santa Catarina, 12/04/2006.