A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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terça-feira, 16 de setembro de 2008

Afinal havia outro... Este sim, o último texto para o 2º número da Revista

LUSOFOBIA

Há uma estranha lusofobia na lusofonia. A língua portuguesa parece sofrer de uma lamentável anorexia verbal, de um excesso de timidez estratégica e de um fatal deficit de imaginação no espaço pós-Babel que a globalização vai desenhando.
Há momentos em que é preciso perceber a geografia da história para evitar que uma língua estruturante do mundo moderno seja liquidada pelos seus próprios falantes. Portugal não pode deixar-se destruir pelos portugueses que só falam inglês para parecer mais modernaços, pensam economês com sotaque tecnocrático porque só sabem utilizar motores de busca na inteligência artificial da rede e reduzem as suas emoções ao básico futebolês de balneário. É preciso dar um grito na paisagem mediática e fazer parar o actual discurso público que resvala perigosamente para o grau zero da linguagem.
Mais do que mudar de política ou de políticos, Portugal tem que mudar de linguagem. Se cada pessoa que toma a palavra para usar o seu poder (nomeadamente nas televisões) utilizar um termo novo, uma ideia fresca, uma expressão diferente, talvez seja possível arejar o bafiento discurso que quase todos estamos a produzir.
Mas, para isso, é preciso recuperar o valor facial das nossas palavras mais rentes à realidade e credibilizar o mercado da nossa fala comum. Portugal perde-se geralmente em polémicas sobre leis e acordos, tratados quase sempre como querelas futebolísticas entre vedetas do espectáculo político, mas falta-nos um verdadeiro debate sobre o futuro da língua. Ou sobre o futuro das línguas, para ser mais preciso. E não é difícil imaginar que o inglês dominante vai transformar-se numa espécie de língua franca que os próprios ingleses dificilmente reconhecerão. Esse inglês global (já registado como «globish» com direitos de autor por um cidadão francês) será uma plataforma provisória que toda a gente usa e de que abusa para se entender nesta fase da globalização.
O castelhano que vale 15% do PIB espanhol é uma língua para disputar a globalização. O estudo sobre o valor económico da língua portuguesa ainda não foi concluído, mas há no nosso idioma um enorme potencial. Basta pensar em Angola ou no Brasil. E basta que toda a comunidade de falantes perceba a mensagem de Umberto Eco quando ironizou dizendo que a língua da Europa é a Tradução. No futuro falaremos todos uma mistura de línguas porque elas contagiam-se umas às outras. Envolvem-se. Casam-se. Misturam-se. Reproduzem-se. Ou morrem.
Portugal não pode defender uma língua portuguesa pura. Imaculada. Gramaticalmente preservada.
Portugal tem que levar a sua língua à competição das línguas globais. Nesse jogo não haverá um só vencedor e muitos derrotados. Quase todas as línguas podem ainda vir a ter uma percentagem própria na futura língua de todos. O processo de mistura ainda vai demorar décadas. Antes do fim deste século teremos seguramente uma sociedade pós-babel em que quase toda a gente será bilingue. Falará a sua língua materna e uma língua global. Esse «globish» será provavelmente estruturado pelo inglês (que é um idioma muito básico) mas todas as outras línguas poderão colocar palavras próprias nessa língua comum. E a língua portuguesa será tanto mais importante no futuro quanto hoje nós conseguirmos que os portugueses falem português. O momento é decisivo. Se a nossa língua resistir sobreviverá. Se sobreviver pode figurar amanhã entre as línguas vencedoras que finalmente se unirão numa língua global. Não perceber isto (agora, já, neste preciso momento) é abrir espaço à concorrência. E perder cota do mercado futuro.

Carlos Magno

2 comentários:

Casimiro Ceivães disse...

Nem sei o que sugira. Talvez traduzir já o Joachim de Fiore para globish e irmos todos para casa.

Renato Epifânio disse...

Caro Casimiro

É apenas "o último texto" que nos chegou. Não "a última palavra" sobre o assunto...

Abraço MIL