1608 – 2008 Quatrocentos anos do nascimento do padre António Vieira
“Verdades puras professo dizer, não para vos ofender com elas, senão para vos mostrar onde, e como vos ofendeis vós a vós mesmo, e à vossa república.”
padre António Vieira, in Arte de Furtar (que lhe continua oficialmente furtada)
No dia 6 de Fevereiro de 1608, nasceu em Alfama, Lisboa, António Vieira; vulto enorme das nossas letras, sonhador de utopias, lusitano verdadeiro, e por consequência, universalista. Assinalam-se pois, 400 anos do seu nascimento.
Concretizar ao longo do ano iniciativas de memoração, e sobretudo de divulgação da sua obra e pensamento, seria o mínimo a que nos obriga o respeito e a dívida intelectual. Porém, agora que estamos a meio do ano há o quê a reportar? Cerimónia oficial em Lisboa, pequenas réplicas descentralizadas, alguma actividade académica; lá mais para o fim do ano haverá a necessária cerimónia de encerramento. Entre o princípio e o fim deveria haver meio, mas quer parecer-me que haverá quase só vazio.
Naturalmente que ninguém nega méritos a padre António Vieira; respeitosamente. Mas em boa verdade, respeitosamente se lhe nega o valor. Sempre na observância daquele respeitoso desprezo, tão comum em casos semelhantes.
Será pela incomodidade e actualidade do seu pensamento?!
A efeméride poderia ser um bom pretexto para tirar o padre António Vieira para a rua; para que os portugueses, e todos os lusófonos, tivessem, com conhecimento de causa, orgulho num dos seus maiores. Poderia… mas ficaremos talvez pela expectativa não concretizada. Uma vez mais!
Na obra de padre António Vieira, um ponto aqui outro acolá, está exposto o mapa genético do SER luso. As características apreciadas, que encerram todas as virtualidades universalizantes; mas também as características depreciadas, que são como que o anticorpo que a natureza criou para refrear a potência lusa. O humanismo em António Vieira não é classista, nem racial; é universalista, e tende para a Espécie. Talvez a omnipresença do factor religioso, na sua obra, seja um factor inibitório na apreensão dos conteúdos profundos do seu pensamento.
“Não consentir que as coisas grandes estejam indigestas, nem escondidas ou amontoadas, na confusão de um acervo, mas descobri-las e manifestá-las, com diferença e distinção de nomes, e pôr cada uma delas em seu próprio lugar, tal obra como esta é de ânimo verdadeiramente divino.”
padre António Vieira, in Sermão de Nossa Senhora do Rosário
Será somente teologia?! É um tema a ponderar...
Alonguei-me talvez um pouco. O assunto é tão extenso que não se esgota em pequenos textos, e a natureza desta tribuna não é textos longos.
“Verdades puras professo dizer, não para vos ofender com elas, senão para vos mostrar onde, e como vos ofendeis vós a vós mesmo, e à vossa república.”
padre António Vieira, in Arte de Furtar (que lhe continua oficialmente furtada)
No dia 6 de Fevereiro de 1608, nasceu em Alfama, Lisboa, António Vieira; vulto enorme das nossas letras, sonhador de utopias, lusitano verdadeiro, e por consequência, universalista. Assinalam-se pois, 400 anos do seu nascimento.
Concretizar ao longo do ano iniciativas de memoração, e sobretudo de divulgação da sua obra e pensamento, seria o mínimo a que nos obriga o respeito e a dívida intelectual. Porém, agora que estamos a meio do ano há o quê a reportar? Cerimónia oficial em Lisboa, pequenas réplicas descentralizadas, alguma actividade académica; lá mais para o fim do ano haverá a necessária cerimónia de encerramento. Entre o princípio e o fim deveria haver meio, mas quer parecer-me que haverá quase só vazio.
Naturalmente que ninguém nega méritos a padre António Vieira; respeitosamente. Mas em boa verdade, respeitosamente se lhe nega o valor. Sempre na observância daquele respeitoso desprezo, tão comum em casos semelhantes.
Será pela incomodidade e actualidade do seu pensamento?!
A efeméride poderia ser um bom pretexto para tirar o padre António Vieira para a rua; para que os portugueses, e todos os lusófonos, tivessem, com conhecimento de causa, orgulho num dos seus maiores. Poderia… mas ficaremos talvez pela expectativa não concretizada. Uma vez mais!
Na obra de padre António Vieira, um ponto aqui outro acolá, está exposto o mapa genético do SER luso. As características apreciadas, que encerram todas as virtualidades universalizantes; mas também as características depreciadas, que são como que o anticorpo que a natureza criou para refrear a potência lusa. O humanismo em António Vieira não é classista, nem racial; é universalista, e tende para a Espécie. Talvez a omnipresença do factor religioso, na sua obra, seja um factor inibitório na apreensão dos conteúdos profundos do seu pensamento.
“Não consentir que as coisas grandes estejam indigestas, nem escondidas ou amontoadas, na confusão de um acervo, mas descobri-las e manifestá-las, com diferença e distinção de nomes, e pôr cada uma delas em seu próprio lugar, tal obra como esta é de ânimo verdadeiramente divino.”
padre António Vieira, in Sermão de Nossa Senhora do Rosário
Será somente teologia?! É um tema a ponderar...
Alonguei-me talvez um pouco. O assunto é tão extenso que não se esgota em pequenos textos, e a natureza desta tribuna não é textos longos.
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