A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

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quarta-feira, 30 de abril de 2008

Vidas Portuguesas: Joaquim de Oliveira Martins (1845-1894)


“A história é sobretudo uma lição moral; eis a conclusão que, a nosso ver, sai de todos os eminentes progressos ultimamente realizados no foro das ciências sociais. A realidade é a melhor mestra dos costumes, a crítica a melhor bússola da inteligência: por isso a história exige sobretudo observação directa das fontes primordiais, pintura verdadeira dos sentimentos, descrição fiel dos acontecimentos, e, ao lado disto, a frieza impassível do crítico, para coordenar, comparar, de um modo impessoal ou objectivo, o sistema dos sentimentos geradores e dos actos positivos”.
Oliveira Martins, História de Portugal

Apontamento Biográfico
Joaquim Pedro de Oliveira Martins nasceu no dia 30 de Abril de 1845, na cidade de Lisboa. Devido à morte do pai, ainda na sua adolescência, Oliveira Martins fora levado a abandonar os estudos precocemente (a Academia de Belas artes) e a empregar-se em algumas casas de comércio.
Administrou uma mina na Andaluzia (1870); dirigiu a construção da linha férrea que vai do Porto à Póvoa de Varzim e a Vila Nova de Famalicão (1874); foi presidente da Sociedade de Geografia Comercial do Porto (1880); foi director do Museu Industrial e Comercial do Porto (1884); foi deputado pelos círculos de Viana do Castelo (1883) e do Porto (1889) e exerceu o cargo de ministro da Fazenda (1892).
Colaborou nos principais jornais científicos e literários da época, em Portugal, e, ao lado de Antero de Quental (1842-1891) e de Eça de Queirós (1845-1900), foi um dos homens mais marcantes da Geração de 70.
Faleceu, em Lisboa, no dia 24 de Agosto de 1894, vítima de tuberculose.

Apontamento Crítico
Os homens da Geração de 70 têm, em geral, um sentido de justiça e de liberdade muito apurado. Praticamente todos eles se debruçam exaustivamente sobre a questão da Moral e do Bem. Joaquim de Oliveira Martins não foge, portanto, à regra neste caso. Assim como o seu amigo Antero de Quental, o autor de A Teoria do Socialismo manifesta interesse por várias áreas do saber (história, filosofia, economia, antropologia, política, literatura...) bem como reflecte sobre temáticas díspares. Contudo, Oliveira Martins acaba por se evidenciar sobretudo no campo da política, da ética e da história.
Enfeitiçado, desde muito cedo, pelas doutrinas socialistas de Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865) e pelo romantismo alemão (essencialmente pela filosofia de Georg Hegel (1770-1831) e, mais tarde, pela de Karl Hartmann (1842-1906) – reparemos que, na obra deste último filósofo, o autor apreciava a ideia de inconsciente como absoluto, como razão incondicionada), Oliveira Martins demonstrou, por várias vezes, atracção por teorias contrárias. Se, em certa medida, se interessava pelo positivismo e pelo iluminismo racionalista, por outro lado, cativava-o também a metafísica e o idealismo alemão. Inúmeras vezes defendeu que o que realmente importava era o Espírito. Cremos, apesar disso, que não se trata de um paradoxo ou de uma simples contradição. É deveras compreensível que, aos homens da Geração de 70, fascinasse, por um lado tudo o que era novo, tudo o que pudesse trazer para o seu país progresso científico, cultural e social (daí o encanto pelas luzes, pelo positivismo e pelo socialismo), por outro tudo o que pudesse dar uma resposta à pequenez e à insuficiência da matéria fria e da realidade crua (daí a motivação para o estudo do romantismo alemão e da metafísica em geral). Se Oliveira Martins ambicionava um novo pensar, livre dos dogmatismos e aberto a uma justiça ética e social e a um espírito desprendido e inteligente, procurava, ao mesmo tempo, uma realidade metafísica que pudesse sustentar tal pensamento. A priori, não tendemos a vislumbrar contradições nesta ambição.
Enquanto historiador romântico e metafísico, não deixa, no entanto, de se pronunciar sobre um dos principais dilemas do seu século e que dominou as atenções da Geração de 70 como um todo: o evolucionismo. Se, a bem da verdade, Oliveira Martins compreendia a perspectiva mecanicista e naturalista de tal ideologia, não se inibia, todavia, de a remeter para uma ordem metafísica. Afinal de contas, no seu entendimento, o Homem não é apenas um ser natural, é também um ser moral, livre e consciente. Capaz de interferir na sua própria evolução, portanto.
Entre tudo o que já dissemos acerca de Joaquim Pedro de Oliveira Martins, não nos é possível ignorar a sua associação ao grupo dos Vencidos da Vida, do qual foi mentor. Nos jantares e nas reuniões em que se congregavam os elementos deste grupo (do qual faziam parte, por exemplo, Eça de Queirós, Guerra Junqueiro (1850-1923), Ramalho Ortigão (1836-1915) e António Cândido (1852-1922), entre outros), para além de explicitarem a renúncia que haviam feito à acção política e ideológica da sua juventude (o socialismo mostrava-se-lhes agora uma doutrina utópica), manifestavam-se também enquanto aristocracia iluminada, capaz ainda de influenciar o poder político e governamental, até porque chegaram a influenciar o rei D. Carlos I. O grupo dos Vencidos da Vida atinge o seu auge com o suicídio de Antero de Quental em Setembro de 1891 (o que é esta morte senão a renúncia completa a todas as aspirações ideológicas e o protesto por todas as descrenças morais, sociais e culturais?).
Embora se revisse nas propostas optimistas de um Karl Hartmann, as visões pessimistas de Arthur Schopenhauer (1788-1860) acabarão por seduzir Oliveira Martins. Afinal de contas, depois de todas as decepções e descrenças sofridas, essencialmente com a sua vida política (os ideais de justiça social, de paz e de Bem que tanto almejava não conseguiram ser traduzidos para a realidade), o único subterfúgio possível era o recolhimento na obra de arte, sobretudo na música, onde conseguia alcançar, mesmo por momentos que fosse, algum conforto e segurança.

Bibliografia Indicativa
Febo Moniz (1867)
Teófilo Braga e o Cancioneiro e o Romanceiro Português (1869)
A Teoria do Socialismo - Evolução Política e Económica da Europa (1872)
Portugal e o Socialismo - Exame Constitucional da Sociedade Portuguesa e a sua Reorganização pelo Socialismo (1873)
História da Civilização Ibérica (1879)
História de Portugal (1879)
O Brasil e as Colónias Portuguesas (1880)
Elementos de Antropologia (1880)
Portugal Contemporâneo (1881)
As Raças Humanas e a Civilização Primitiva (1881)
Sistema dos Mitos Religiosos (1882)
Quadro das Instituições Primitivas (1883)
Regime das Riquezas (1883)
História da República Romana (1885)
Projecto de lei sobre o fomento rural (1887)
Portugal nos Mares (1889)
Portugal em África (1891)
Camões e os Lusíadas (1891)
A Inglaterra de Hoje (1892)
Cartas Peninsulares (1895)
O Príncipe Perfeito (1896)

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