A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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sexta-feira, 18 de abril de 2008

Vidas Portuguesas: Antero de Quental (1842-1891)


Transcendentalismo
“Já sossega, depois de tanta luta,
Já me descansa em paz o coração.
Cai na conta, enfim, de quanto é vão
O bem que ao Mundo e à Sorte se disputa.

Penetrando, com fronte não enxuta,
No sacrário do templo da Ilusão,
Só encontrei, com dor e confusão,
Trevas e pó, uma matéria bruta...

Não é no vasto mundo – por imenso
Que ele pareça à nossa mocidade –
Que a alma sacia o seu desejo intenso...

Na esfera do invisível, do intangível,
Sobre desertos, vácuo, soledade,
Voa e paira o espírito impassível!”
Antero de Quental, Sonetos Completos

Apontamento Biográfico
Antero Tarquínio de Quental nasceu no dia 18 de Abril de 1842, na Ilha de São Miguel, na cidade de Ponta Delgada. Deixa, no entanto, os Açores, em 1852, e fixa-se, em Lisboa, com a sua mãe. Nesta cidade, estuda no colégio de António Feliciano de Castilho (1800-1875).
Em 1859, com apenas 17 anos, ingressa na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e, desde logo, se torna um aluno muito popular e líder dos estudantes. Após a licenciatura, e depois de se ter interessado pelos ideais socialistas de Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865), viaja para Paris, em 1867, cidade na qual exerce o ofício de tipógrafo e se familiariza com os problemas do proletariado. No entrementes, frequenta algumas aulas no Collège de France. Volta a Lisboa, pouco tempo depois, e embarca, no ano de 1868, para o Estados Unidos e para o Canadá.
Em 1870, já depois da sua experiência americana, dedica-se a uma incansável divulgação política, social e cultural: publica folhetos de propaganda; ajuda a fundar associações operárias; conceptualiza e organiza, ao lado do seu amigo Jaime Batalha Reis (1847-1935), as Conferências do Casino; entrega-se ao jornalismo (chega a ser, inclusive, um dos directores de República - Jornal da Democracia Portuguesa; funda, com Batalha Reis, a Revista Ocidental).
Em 1874, manifesta-se a primeira crise de uma doença que nunca se diagnosticará inteiramente. Esta leva-lo-á a uma tentativa de cura a umas termas nos arredores de Paris, nos anos de 1878 e 1879. De volta a Lisboa, e sentindo-se física e psicologicamente melhor, candidata-se a deputado pelo Partido Socialista. Em 1881, fixa residência em Vila do Conde, dedicando-se sobretudo à educação das filhas adoptivas (cujo pai biológico era o seu amigo, recém falecido, Germano Meireles), Albertina e Beatriz, e à sua vida literária. Decepciona-se com o mundo político e tende a isolar-se cada vez mais. Volta a Ponta Delgada com as filhas, no dia 5 de Junho de 1891 e, três meses depois, no dia 11 de Setembro, suicida-se com um revólver que tinha acabado de comprar, no Largo de São Francisco, ao lado do Convento da Esperança.

Apontamento Crítico
Sobre Antero de Quental, António Sérgio (1993-1969) afirma simplesmente que este fora o maior poeta português depois de Camões (1524?-1580).
Antero, no entanto, não se dedicou apenas à poesia. Igualmente, interessou-se pelo ensaio, pelo jornalismo, pela literatura, pela religião e pela política. Em suma, foi um dos grandes ideólogos da Geração de 70.
Numa das suas obras mais emblemáticas - Causas da Decadência dos Povos Peninsulares, resultante de uma intervenção sua nas Conferências do Casino -, Antero de Quental reflecte acerca da degeneração social, moral e política em que se encontrava o Portugal da sua contemporaneidade. Na sua perspectiva, desde há muito que o país enveredara por um caminho contrário àquele que havia sido traçado no alvor da Idade Média e que, inevitavelmente, fora responsável pelo abismo em que o mesmo, na altura, se encontrava. Por este motivo, Antero é levado a proclamar o elogio da Idade Média: defende a era medieval como época histórica onde a descentralização do poder, o municipalismo, a democracia e a união das classes sociais são realidades incontestáveis. No pensar do poeta-filósofo, Portugal entrou em decadência a partir do momento em que aceitou o Concílio de Trento, quando aderiu ao absolutismo e quando passou a comungar com o capitalismo (resultado de uma estratégia imperial, a que o autor chama de conquistas). Ainda que se deixe inspirar pela deusa Razão, o que é facto é que Antero enaltece também o amor ao cristianismo como teologia revolucionária. Afinal, só a fusão do homem com o ser divino o poderá conduzir para a evolução da ciência e da filosofia, levando-o a contribuir para o progresso do país num sentido geral. Porém, Antero ficará descontente, até ao fim da sua vida, com a situação de inércia em que, aos seus olhos, Portugal se encontrava e com a terrível verdade de não ser suficiente assumir que a nossa fatalidade é a nossa história. Angustiado com esta questão, comporta-se perante ela como um vencido da vida. Tal conduta, aliás, estende-se a outros domínios da sua própria vivência.
Se Antero de Quental se torna um ícone para os poetas e para os filósofos portugueses que lhe procederam, a sua perspectiva ética e política é também assaz apreciada. Ao fim e ao cabo, Antero é um dos promotores do socialismo em Portugal e terá muitos seguidores neste plano.
A obra do poeta açoreano representa um marco incontestável para o pensamento português finissecular, nesse sentido, muitos intérpretes, ao debruçarem-se sobre o corpus anteriano, apontam-lhe influências e ciclos diversos: desde o romantismo alemão em geral (do qual o naturalismo hegeliano era a maior expressão, no seu caso) ao humanismo professado por Michelet (1798-1874), ou desde um pessimismo psicológico latente numa determinada fase da sua vida e, consequentemente, da sua obra a uma visão eufórica e luminosa da realidade. Tais características, aliadas a tantas outras que compõem o seu legado, fazem de Antero um autor inovador e moderno (tanto na sua poesia quanto na sua prosa literária e filosófica).

Bibliografia Indicativa:
Ensaio
Bom Senso e Bom Gosto (1865)
A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais (1865)
Defesa da Carta Encíclica de Sua Santidade Pio IX (1865)
Portugal perante a Revolução de Espanha (1868)
Causas da Decadência dos Povos Peninsulares nos Últimos Três Séculos (1871)
Considerações sobre a Filosofia da História Literária Portuguesa (1872)A Poesia na Actualidade (1881)
A Filosofia da Natureza dos Naturalistas (1887)
Tendências Gerais da Filosofia na Segunda Metade do Século XIX (1890)
Poesia
Sonetos (1860)
Odes Modernas (1865)
Primaveras Românticas (1872)
Sonetos Completos (1886)
Raios de Extinta Luz (1892)

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