A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

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sábado, 29 de março de 2008

Um americano com orgulho nas raízes açorianas

"Onde quer que um português esteja, Portugal está lá" É terceira geração de açorianos mas mantém o Z no nome em homenagem ao avô paterno, natural da freguesia de Água de Pau e que emigrou em 1907 no navio SS Canopic para os Estados Unidos. Um calendário de 1923 com a bandeira portuguesa, pertença da sua bisavó açoriana e onde se lê " prosperamos com a nossa bandeira", está pendurado no gabinete que ocupa enquanto presidente do Tribunal de Recurso de Massachusetts, ao lado do seu diploma da Universidade de Yale. "Em muitos aspectos tenho sido inspirado por esta bandeira portuguesa", refere com orgulho o presidente.

Phillip Rapoza cresceu em Darthmouth (uma vila perto de New Bedford que, juntamente com Fall River, alberga o maior número de portugueses fora de Portugal), com os dois irmãos e os pais. Não sabe de onde lhe veio o gosto pela advocacia já que o pai era músico e a mãe pintora: "Eu fui o primeiro e único membro da família, até agora, a ingressar na faculdade de Direito." Fez a instrução primária e liceu numa escola pública e licenciou-se em História na Universidade de Yale. De seguida formou-se em Direito pela Cornell Law School em Nova Iorque. "A minha primeira função foi como procurador para crimes económicos contra o Estado e indivíduos, em Boston." Trabalhou, ainda, como procurador auxiliar em New Bedford e, em 1988, abriu o seu primeiro escritório naquela cidade, a escassos metros de distância da doca onde a sua bisavó materna desembarcou em 1886 com centenas de outros emigrantes, em busca de melhores condições de vida. Passados cem anos desse desembarque, Rapoza sente que também faz parte do "sonho americano" que conduziu tantos açorianos à América. "Saber de onde vieram os meus antepassados fez a diferença ao longo do meu percurso de vida."

A carreira de juiz iniciou-a em 1991 no tribunal de primeira instância da cidade de Fall River onde permaneceu durante quatro anos. O Tribunal de Distrito é o primeiro nível dos tribunais de primeira instância e muitos juízes são nomeados para essa função onde, geralmente, permanecem até à idade da reforma. Mas não foi o caso desse lusodescendente que em 1996 é novamente nomeado, desta vez para juiz do Tribunal Superior do estado de Massachusetts. Sendo um tribunal intermédio, são julgados casos de homicídio, assuntos civis e administrativos. Dois anos depois e, novamente por nomeação, Rapoza, passa a integrar o grupo de juízes do Tribunal de Recurso em Boston. Em 2006, o presidente desse tribunal reformou-se abrindo uma vaga. "Eu concorri tal como muitos outros colegas." Phillip não fazia ideia do que aconteceria, até porque pelo meio teve de viajar para Timor numa missão da ONU. Quando regressou, o governador Mitt Romney havia feito a sua escolha e nomeou Phillip Rapoza para presidente do tribunal. "Senti-me muito orgulhoso com essa nomeação, ainda para mais quando os meus colegas eram todos tão capazes ou melhores do que eu", diz com humildade.

Juiz vai a pé para o trabalho

Homem de trato simples, aspecto afável e cordial, Phillip vai a pé para o trabalho. Situado na Rua Pemberton Square, a escassos metros da parte antiga da cidade, o Tribunal de Recurso de Massachusetts deve o seu nome ao segundo presidente dos Estados Unidos, John Adams, natural daquele estado, advogado e responsável pela sua constituição em 1780. "John Adams deixou claro que os poderes judiciais e políticos deveriam ser totalmente independentes", explica Rapoza.

O dia de um presidente do tribunal nunca tem menos de 12 horas de trabalho, começando logo pelas sete da manhã, onde aproveita o silêncio do seu escritório para ler os e-mails e preparar as reuniões. Às nove, o seu gabinete entra em acção e é com a ajuda imprescindível da sua secretária Dominique que recebe as visitas, comissões, instituições e outros grupos. Reúne-se mensalmente com os vinte e cinco juízes que compõem o tribunal e três vezes por mês preside, como juiz, às sessões de julgamento. Como presidente do tribunal, a administração do orçamento e de pessoal também é da sua responsabilidade.

O almoço é quase sempre na mesa de trabalho do escritório. "Aproveito para me reunir com alguns juízes", explica. A tarde volta a ser preenchida com reuniões e depois das cinco, quando reina novamente o silêncio, Phillip regressa às leituras, revê os processos e prepara o dia seguinte. Antes de ir para casa, acrescenta mais um parágrafo no prefácio que foi convidado escrever sobre as decisões do Tribunal de Timor, onde ele mesmo exerceu a função de presidente. "É mais um desafio e um regresso a Timor", diz Phillip com a voz embargada quando fala daquele país.

Vivendo num meio onde grande parte dos habitantes são portugueses ou seus descendentes, Phillip Rapoza desde sempre recebeu o apoio da comunidade enquanto advogado e depois como juiz. Hoje, como figura pública que é, sente necessidade de devolver tal distinção à comunidade que o apoiou. Para tal, participa em diversos eventos da comunidade, procissões, reuniões e associações. Faz parte da Sociedade Infante D. Henrique, tendo recebido em 2002 a medalha de comendador pelas mãos do então presidente Jorge Sampaio pelo trabalho judicial desenvolvido entre os Estados Unidos e Portugal.

Assumindo-se como lusodescendente, Phillip Rapoza tem visitado inúmeras vezes o nosso país, umas para ser homenageado, outras para passar férias. Como director da Comissão para a Justiça no Atlântico, viajou para Coimbra e para os Açores. Em Abril de 2007 foi condecorado com a medalha de mérito pela Câmara Municipal da Lagoa e com a medalha de cidadão honorário da freguesia de Santa Cruz também do concelho da Lagoa e de onde os seus antepassados são oriundos.

Acima de tudo, salienta os desafios que a comunidade luso-americana enfrenta: ser americano e português em simultâneo. Para tal, a comunidade terá de se orgulhar cada vez mais das suas raízes e passar essa mensagem às gerações seguintes. Tal testemunho faz-se, segundo Rapoza, pela preservação da língua portuguesa, dos costumes e tradições mas também pelo incremento de centros de estudo, como o Centro de Estudos Portugueses da Universidade de Dartmouth e o Centro Luso-Português no Colégio de Bristol. Ao mesmo tempo, e enquanto cidadãos americanos, os portugueses terão de participar na sociedade que escolheram para viver, naturalizarem-se e envolverem-se cada vez mais no processo político, civil e cultural do país. "Conseguir esse equilíbrio nem sempre é fácil, mas a nossa força, enquanto comunidade, depende do sucesso destes desafios", defende.

A celebração do Dia de Portugal pelas comunidades, a visita do Presidente da República e do presidente do Governo Regional dos Açores foram alguns dos acontecimentos que o juiz destaca em 2007. Em qualquer um desses eventos, a comunidade toma consciência da sua importância enquanto grupo e, por outro lado, a sociedade americana reconhece esse valor. "Este ano, na Assembleia Legislativa em Boston, tivemos a presença do governador e de muitos americanos na celebração do Dia de Portugal", refere. Para além disso, trata-se de criar uma imagem de Portugal em relação ao mundo. Isso mesmo foi protagonizado na exposição "Encompassing the Globe", no Museu Smithsonian em Washington DC, a capital do país. Segundo Phillip Rapoza, com aquela exposição Portugal mostrou o seu papel no mundo ao longo da História. "A maior exportação de Portugal tem sido a do seu próprio povo e, apesar da tristeza e da perda que isso representa, Portugal ganhou com essa emigração e é hoje um país poderoso, talvez não em termos de exército ou economia, mas em pessoas que estão pelo mundo. Eu sou uma dessas pessoas e isso é algo que eu lembro todos os dias." E continua a falar de Portugal com orgulho de um país que também diz ser o seu. "Se os meus avós não tivessem emigrado, talvez eu estivesse numa qualquer tasca de S. Miguel ou numa banda de música, pois sempre gostei das fardas", brinca.

Portugal está sem dúvida no coração de Rapoza, que não esquece as lições na sala de jantar da casa dos avós onde valores como a família, respeito, fé e trabalho árduo eram referência. "A pessoa que sou baseia-se na família da qual descendo", diz com emoção. "Portugal é aqui!" Aqui no coração de cada membro da comunidade para quem ser português é marcante. "Portugal está onde estivermos e no que fazemos. Nesse sentido, Portugal está em África, Ásia, Timor, Brasil ou Massachusetts. Onde quer que um português esteja, Portugal está lá."

Nélia Alves, Diário de Notícias, 29 de Março de 2008

4 comentários:

Ana Margarida Esteves disse...

Esqueceram-se de Providence, Rhode Island, onde eu estou de momento a morar, que fica bem pertinho de Fall River e New Bedford e tambem tem uma imensa comunidade Portuguesa e Luso-descendente. A Brown University tem o melhor e mais activo de partamento de estudos Luso-Brasileiros dos EUA.

Estou a afzer os possiveis para convencer este departamento a juntar-se ao MIL.

Ana Margarida Esteves disse...

Ha uma anedota local que diz que Fall River tam a maior ponte do mundo: A que liga a Nova Inglaterra a Portugal;-)!

Ana Margarida Esteves disse...

Ha uma anedota local que diz que Fall River tam a maior ponte do mundo: A que liga a Nova Inglaterra a Portugal;-)!

Flávio Gonçalves disse...

Eu tenho mais família nos "states" e no Canadá que em Portugal, por cada açoriano a residir nos Açores devem residir 2 ou 3 nas Américas =)