FERNANDO PESSOA, NUM CLARO-ESCURO DA CONSCIÊNCIA
Alexandra Barreiros
Ao tentar escrever uma biografia de Fernando Pessoa, deparamo-nos com um problema fundamental: é que, como refere Eduardo Lourenço, um dos seus mais subtis exegetas, “procurando o homem só encontraremos textos”. Será pois ainda possível sentir o menor espanto, se aquele que de si próprio disse “tenho pela vida o interesse de um decifrador de enigmas”, se tenha convertido no enigma supremo? Ele mesmo nos avisou:
Sou um evadido
Logo que nasci, fecharam-me em mim
Ah, mas eu fugi!
(excerto)