segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Notícia da sessão de Sábado, em Amarante.

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Na antevéspera do 57º aniversário do falecimento de Teixeira Pascoaes: apresentação do nº 4 da NOVA ÁGUIA, em Amarante.

O que a elite portuguesa pode fazer pela verdade do poeta? Se essa verdade é de facto mais importante do que a verdade dos historiadores, o legado de Teixeira de Pascoaes tem hipótese de superar o esquecimento em que se encontra.
Há na vida eventualidades que dão frutos e iniciativas que prosperam, indo além das boas intenções.
Uma dessas boas surpresas esteve a cargo da Biblioteca Municipal Albano Sardoeira que, no passado sábado, dia 12 de Dezembro, recebeu políticos e intelectuais, para uma sessão de apresentação do número 4 da revista NOVA ÁGUIA, em homenagem a Teixeira de Pascoaes.
O público que encheu a sala teve oportunidade de ver e ouvir o Presidente da Câmara Municipal, Armindo Abreu, o Prof. Doutor Salvato Trigo e o ex-deputado Pedro Baptista, mediados pelo jornalista Carlos Magno. A mesa fora idealizada pelos directores desta “Revista de Cultura para o século XXI”, representados na ocasião por Celeste Natário.
A predisposição do poeta amarantino para a conciliação de diferenças foi projectada para a relação de Portugal com a Europa. Os leitores de Pascoaes sem dúvida reconhecem essa capacidade no autor. Mais invulgar é a transposição do raciocínio dele para o contexto geopolítico europeu.
Também se debateu a importância da língua portuguesa, língua materna de Pascoaes. Os convidados arriscaram-se a dizer que, para integrar a Comunidade Europeia, Portugal talvez tenha que reforçar laços antigos. Nesse enquadramento, que laços contam? Os laços feitos com os países de língua portuguesa. A ideia de um “arco atlântico” foi chamada para a discussão, pois ele traria perspectivas de futuro ao país. Uma outra linguagem, mais fresca, favoreceria os visionários de que Portugal precisa.
Fora do domínio das estratégias políticas que, sem presunção, o discurso de Teixeira de Pascoaes evoca, Pedro Baptista falou da criatividade que precisa ser restituída ao povo. Como é sabido, o poeta moveu-se pela intuição, pela memória e pela ligação do homem simples com a Natureza. Parece mesmo legítimo, então, devolver a criatividade ao povo que ele soube valorizar.
Pelas mãos da elite ou não, provida de uma linguagem renovada ou não, num rasgo de epifania ou talvez menos do que isso, poderá Amarante ser bandeira da história e da cultura do país, ao aproximar Pascoaes e as gerações mais jovens? Também isso se conversou. Ninguém ignora que Portugal reclama cuidados. Que eles sejam tão delicados, profundos e profícuos quanto a mensagem do poeta é o que se deseja. Gratos à NOVA ÁGUIA por nos lembrar isso e por não ter vergonha de celebrar, sem complexos, Pascoaes e as figuras maiores de Portugal e da Lusofonia.

Betina Ruiz
Mestre em “Estudos Literários, Culturais e Interartes” pela FLUP