quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

N A T A L

Há dois ou três natais escrevi uma charla com o nome de “ E agora, Igor” – que pretendia relatar a atribulação de uma criança filha de um agente de autoridade pública e de empregada de limpeza ucraniana. O pai prestando serviço a um monte de empresas de um determinado Bairro da cidade, ela, a mulher – Tatiana – arrumando regularmente número ainda maior de escritórios, ateliês, clínicas médicas, ginásios…
Pai e mãe do nosso guarda – reformados mas militantes sociais de diversas organizações locais: Bombeiros, Associação de reformados; Clube desportivo e Recreativo, Escola Sénior …- todos promovendo Festas Natalícias com beberetes ao cair da tarde, comeretes, distribuição de prendas – contemplando sempre, de maneira pródiga, IGOR. Já imaginou quantas caixas cheias de brinquedos ( para não falar dos não encaixotáveis: bicicletas, skates, pranchas de bodY-board…) chegam de tsunami a casa da criança, atafulhando quarto, arrecadações, garagem?

Mas a estória de hoje não passa por esses excessos natalícios – antes se ocupará, se o frio (muito) e o (pouco) engenho o permitirem, por dar, pelo meu olhar, uma espreitadela pelo mundo. Pelas coisas do Mundo. Ai mundo, mundo, se eu me chamasse Raimundo….- Quem há que não conheça o histórico poema?

1 -Começaria pela confissão de Bush – já a passar, de saída, as ombreiras da porta da velha Casa-Branca: olha, desculpem lá, fui enganado com essa história das armas de destruição maciça, confiei na CIA cegamente.
Ficam, por trás deste ingénuo desabafo, 4 ou 5 mil esfrangalhados compatriotas seus, mais 30 ou 40 mil guerrilheiros iraquianos, não contando com os largos milhares de vítimas civis – quantas crianças de entre elas - dos chamados danos colaterais. E agora? O Tribunal internacional de Haia (?) –que julgou e condenou os comandantes militares alegadamente responsáveis pelas chacinas dos Balcãs – o que se propõe fazer? Um puxão-de-orelhas virtual: não é admissível que o senhor Presidente se tenha deixado ludibriar….Só esperamos que não volte a acontecer! Ou assistir a tudo isto pela TV, num cómodo sofá, fumando uma aromática cigarrilha de Havana, pensando que tudo já passou, que diabo – agir por engano também não pode ser considerado crime de guerra

2 – Por cá:
O que é feito de Dª. Branca? E de Pedro Caldeira? De -vez -em –quando deviam dar notícias desta gente – destes heróis de novela sem guião. É certo que se trata de gente de estatura meã – para não dizer mesmo baixa. Tal como os actuais protagonistas dessas cenas de falências, falsos alarmes de falência, promiscuidades profissionais – ver carreiras de nossos homens de dinheiro. Em comum parece terem é um certo gosto pela arte. E pelo coleccionismo. Uma bronca maluca, ainda sem solução à vista, que tocou o nosso naipe mais soft de investidores, aconteceu no imaculado campo da filatelia. Empresa espanhola, com metástases ( não sei se é assim que se diz) um pouco por toda a Europa, transaccionava raridades dessa espécie. Quem investiu – ardeu, ao que parece. Se não me engano, o próprio estado português esboçou qualquer simulacro de intervenção para dar cobertura ao investimento lusitano. Vocês não se lembram desta?
Já não sei em que ficou.
O compatriota Sousa Cintra gabava-se (ouvi-lhe eu com estes dois que a terra há-de comer) de se ter iniciado, enquanto grumete de Hotel, comprando quadros a pintores famosos proletários e vendendo-os com lucros fabulosos entre os hóspedes.
Mas esta gente, agora, é que é mesmo uma bagunça inextricável de negócios: galeristas/banqueiros/negociantes de jóias e de pedras preciosas/escritores/guionistas – poça, que é demais. Acho que é o BPN (posso confundir, que já são tantos) que tem mais de uma vintena de Mirós. Quantos Rotko? Quantos Calder? E Picassos?
A chamada liquidez – vulgo trocos – é que parece que nem para um banacau quentinho.
E agora? Se sacarem alguns euros do meu modesto pecúlio em depósito-pronto-a-levantar – para socorrer os aflitos dos Mirós – será que me dão pelo menos uma caixa de lápis de cor para eu tentar a minha sorte?

Para o raio que os parta! Prometo, em próximo folhetim, levar-lhe pormenores biográficos de Artur Virgílio Alves dos Reis – que esse, sim, foi profissional a sério. Burlão – mas com decência

Abraço natalício para si

6 comentários:

  1. Comparado com os burlões de hoje, o Alves dos Reis era um Senhor...
    Como ontem alguém me disse, até os patifes tinham mais gabarito...

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  2. caro Renato

    Alves dos Reis será Alvo de meu próximo apontamento
    É que esta gente, agora, nem carece de muita inteligência para se ver a abarrotar de dinheiro de um momento para o outro.
    Só nessa casta de administradores financeiros é um vêsetavias: Fortunas quando entram, balúrdios quando querem vê-los pelas costas.

    abraço

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  3. Esta Lusofonia revela coincidências fantásticas, como por exemplo, nessa arte de encherem-se de grana de uma hora pra outra, ou da noite pro dia, de preferência à noite com menos luz que ao dia...
    Aqui o filho do presidente da républica do Brasil foi qualificado pelo próprio pai de "ronaldinho", o crak, que de paca de anta num zoológico a 500 reai mensais ao mais novo trilionário brasileiro, foi um pulo só.

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  4. Fenômenos brasileiros:
    Um rapaz simples se transforma em mega empresário, da noite para o dia.
    E uma república, devido uma mágica jurídica e uma gang se transforma em ré-pública.

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  5. Julio

    se transforma em ré-pública ou
    rês-pública?

    abraço transatlântico pra você

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  6. platero,
    acho que nas duas coisas:
    ré, porque o réu se livrou magicamnete da rés furtiva e transferiu para dela toda a carga;
    e rês também, mas de uma espécie tão estranha! Mansa, até, mas...
    A coisa por aqui está muito feia.

    fraterno abraço

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